Após dois anos de avanço limitado por problemas climáticos, as exportações brasileiras de frutas subiram com vigor em 2007 e superaram a marca de US$ 3 bilhões. E o crescimento aconteceu mesmo sob um cenário de câmbio pouco atrativo para as vendas ao exterior.
Com o avanço de 45%, os embarques totais chegaram a US$ 3,3 bilhões. As frutas frescas responderam por US$ 642 milhões, 34% a mais que no ano anterior. Nas frutas processadas, as vendas ao mercado externo totalizaram US$ 2,7 bilhões, ou 48% a mais que em 2006. As exportações totais de 2006 foram de US$ 2,3 bilhões. De um ano a outro, o saldo da balança comercial cresceu 50% e chegou a US$ 2,9 bilhões.
O desempenho mais representou um momento de recuperação de condições para colheita do que refletiu um cenário excepcional para a fruticultura, segundo Moacyr Saraiva Fernandes, presidente do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf). Foi o caso particularmente da maçã, segundo o dirigente, uma das principais culturas de exportação da fruticultura nacional. A maçã padeceu com dois anos de geadas que abateram a produção. No ano passado, as exportações da fruta cresceram 114%, a US$ 68,6 milhões. Em volume, os embarques avançaram 96%, para 112 mil toneladas.
A mudança do perfil das plantações de uvas também impulsionou o crescimento das exportações, afirma Fernandes. As variedades sem sementes, de maior valor agregado e com mais aceitação no mercado externo, ganharam terreno no país. "A uva é nossa nova menina dos olhos", afirma Fernandes. No pólo de fruticultura do Vale do São Francisco, por exemplo, mais de 50% das videiras já são as de uvas sem sementes, diz ele.
O abacaxi também ganhou terreno nas exportações da fruticultura brasileira - em valor, os embarques cresceram 142% e, em volume, 62% - com a entrada mais forte de multinacionais que se dedicam à cultura. Antes limitados ao Mercosul, os embarques de abacaxi para a Europa ganharam importância com o avanço do plantio da variedade golden, de maior aceitação entre os consumidores europeus.
A União Européia, com mais de 60% das vendas, permanece como principal destino das exportações brasileiras de frutas. Para contrabalançar a concentração e tentar aumentar os volumes embarcados, o Ibraf e a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) vão intensificar o trabalho de divulgação em três mercados potenciais: Rússia, países do leste europeu e países árabes do Golfo Pérsico.
Esse trabalho, afirma Fernandes, também poderia ajudar a compensar as restrições que as frutas brasileiras ainda enfrentam para entrar nos Estados Unidos, Japão - que compra apenas manga da variedade tommy - e China, para onde o Brasil ainda não exporta. (PC) FONTE: Valor Econômico ? SP