Giovana Perfeito
O ciclo de crescimento das exportações brasileiras de mel, observado desde fevereiro deste ano, foi interrompido com a queda de 43% nas exportações de junho (US$ 1,83 milhão) em relação ao mês anterior. Apesar dessa forte redução, verificam-se incrementos de 4,6% e 4,9%, respectivamente, na receita e no volume das exportações de mel no primeiro semestre do ano (US$ 10,7 milhões e 6,8 milhões kg) se comparado com o mesmo período em 2006. Na comparação do mês de junho deste ano com o do ano passado, há também um ligeiro aumento de 6,33% no valor das exportações. Os dados constam do levantamento consolidado pelos consultores da Unidade de Agronegócios do Sebrae e coordenadores nacionais da Rede Apicultura Integrada Sustentável (Rede Apis), Alzira Vieira e Reginaldo Resende. A referência é o Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet (Alice-Web), da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.O presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Mel (Abemel), José Henrique Faraldo, conta que parte do crescimento das exportações brasileiras nos primeiros cinco meses do ano foi devido às vendas aos Estados Unidos. "Esse País saiu às compras, pois tinha previsão de uma safra ruim, principalmente por conta da síndrome que causou a diminuição de 25% dos enxames no País", explica.Segundo Faraldo, há pouco tempo os EUA verificaram que apesar do problema das abelhas, terá uma boa colheita. "Além disso, o México está oferecendo mel para os EUA a preço bem abaixo da Argentina e do Brasil", ressalta. Faraldo também diz que os exportadores brasileiros trabalharam com um câmbio baixo, em torno de R$ 1,95. O consultor da Unidade de Agronegócios do Sebrae, Reginaldo Resende, aponta para a importância de se ter um mercado interno forte. Segundo ele, os setores em que o Brasil é líder em exportação também vendem muito para o próprio País. Um exemplo é o café. O Brasil é o maior exportador desse produto e também o segundo em termos de consumo interno, atingindo cerca de 2,4 Kg por pessoa ao ano. Por outro lado, o mel é pouco consumido no Brasil. Enquanto os americanos consomem 910g per capita/ano e os europeus até um quilo per capita/ano, os brasileiros só consomem cerca de 60g por pessoa ao ano. "Um mercado interno forte ajudaria a regular e estabilizar as oscilações externas e asseguraria competitividade em relação ao mercado externo", ressalta Reginaldo. No primeiro semestre do ano, os principais estados exportadores foram São Paulo (US$ 3,862 milhões), Rio Grande do Sul (US$ 2,154 milhões), Santa Catarina (US$ 1,401 milhão), Ceará (US$ 1,394 milhão), Piauí (US$ 773,3 mil) e Paraná (US$ 761 mil). O preço médio nesse período foi de US$ 1,57/Kg de mel, idêntico ao praticado no primeiro semestre de 2006. O cenário para os próximos meses é de estagnação do mercado ou de ligeira queda. Porém, esse quadro deverá ser revertido no último trimestre do ano. Isso deve ocorrer porque há indícios de redução de 25% a 30% na produção de mel da Argentina, por conta de condições climáticas adversas. Além disso, há a perspectiva do retorno das exportações de mel do Brasil para a Europa, a partir do início do quarto trimestre, com o fim do embargo iniciado em fevereiro deste ano.