Maurício Thuswohl - Carta Maior
De acordo com a vontade política manifestada pelos atuais governantes, o futuro econômico e fundiário do Norte/Noroeste Fluminense estará nos próximos anos estreitamente ligado ao desenvolvimento das grandes culturas de cana-de-açúcar e eucalipto voltadas à produção de etanol e celulose, respectivamente. Seja na esfera federal ou estadual, grupos de discussão estão sendo formados e planos estão sendo elaborados para garantir o desenvolvimento desses dois setores.Elevado à condição de jóia da coroa pelo governo Lula, o plano de aumento da produção de etanol tem uma de suas plataformas no Rio de Janeiro. O ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, e o governador Sérgio Cabral Filho, ambos peemedebistas, já iniciaram as discussões sobre as parcerias que deverão ser firmadas para alavancar o setor sucroalcooleiro no estado. Até o fim de abril, o secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo, apresentará a Cabral a versão do Plano Diretor de Agroenergia, que deve começar a ser implementado ainda esse ano.Elaborado em parceria com a Federação Agrícola do Rio de Janeiro (Faerj), o Plano Diretor tem como principal meta triplicar até 2012 as cinco milhões de toneladas anuais de cana-de-açúcar que são produzidas pelo estado. Para tanto, os técnicos da secretaria terão seis meses para identificar as áreas com maior potencial econômico no Norte/Noroeste Fluminense. Com a ajuda do governo federal, Áureo acredita que o Rio possa receber nos próximos quatro ou cinco anos cerca de R$ 350 milhões para aumentar sua produção: "Os estudos já realizados mostram que temos condições de responder por um quarto do consumo de álcool anidro (o que se mistura à gasolina) da população fluminense, além de atender à demanda total de álcool hidratado", disse o secretário.Além da cana, outra cultura que, se depender do governo estadual, deve chegar com força total ao Norte/Noroeste Fluminense é o eucalipto. O maior entusiasta da idéia é o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Energia, Júlio Bueno, que apresentou sua intenção de aumentar a produção de celulose no estado logo que tomou posse em janeiro. Bueno, que ocupou o mesmo posto no Espírito Santo durante o primeiro governo de Paulo Hartung, tem boa relação com as direções das empresas Aracruz e Suzano, fortemente presentes em terras capixabas, e garante que ambas já manifestaram interesse em expandir suas áreas de plantio no Rio de Janeiro.
Segundo o último Censo Agropecuário, realizado pelo IBGE entre 1995 e 1996, o estado do Rio de Janeiro tem uma área de 4,39 milhões de hectares. Deste total, cerca de 2.416.305 hectares pertencem a estabelecimentos agropecuários, mas apenas 1.882.364 hectares (42,88%) são de fato utilizados, sendo que 337.241 hectares são de lavouras e 1.545.123 hectares são de pastagens.
Elaborado pelo Incra, em parceria com os movimentos sociais, o Plano Regional de Reforma Agrária do Rio de Janeiro previa o assentamento de 15 mil famílias no estado nos primeiros quatro anos do governo Lula. Segundo o MST, no entanto, nem 20% do total foi atingido. De acordo com a direção do movimento, existem atualmente no Rio de Janeiro cerca de 1.200 famílias sem-terra acampadas de maneira provisória e precária. À espera do assentamento prometido pelo governo federal, algumas dessas famílias já estão acampadas há mais de sete anos.