Iguatu. Há 11 meses, o governo do Estado lançou o programa Biodiesel do Ceará, com o objetivo de incentivar a agricultura familiar a produzir mamona, gerando trabalho e renda no campo. Para continuar este trabalho, assessores de 18 escritórios regionais da Ematerce de todo o Estado, representantes da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura no Estado do Ceará (Fetraece) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estiveram reunidos no auditório da Coordenadoria de Desenvolvimento Regional da Educação (Crede), em Iguatu, participando de uma capacitação sobre técnicas de cultivo, tratos culturais e combate às pragas.
A safra no ano passado, entretanto, foi reduzida, em face da estiagem que provocou perda média de 70% da lavoura e do pequeno número de agricultores que aderiram ao projeto, apesar dos incentivos governamentais. Neste ano, a Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) que ampliar no Ceará a área de cultivo em dez vezes, passando de 5 mil hectares para 50 mil ha.
Em 2007, a meta era de 40 mil ha de mamona, mas ficou longe de ser alcançada. A novidade é a introdução de sementes de girassol, no programa. Assessores técnicos da Ematerce e agentes rurais estão passando por um treinamento com o objetivo de melhorar a assistência técnica no campo.
Além de incentivar os pequenos agricultores a cultivarem oleagenosas, é necessário também garantir orientação e assegurar o desenvolvimento da lavoura que é novidade para muitos produtores. Segundo dados da Ematerce, 27.500 produtores rurais em todo o Estado estão cadastrados no programa Biodiesel e já começaram a receber as sementes de mamona e de girassol.
A Ematerce tem como meta cultivar 25 mil hectares de mamona e 5 mil de girassol por meio da agricultura familiar, beneficiada com a distribuição de sementes, assistência técnica e pagamento de R$ 150,00 por hectare, num limite máximo de até 3 ha.
Outros 11 mil há seriam produzidos pela empresa Brasil Ecodiesel e há também áreas de cultivo de grandes produtores rurais. O governo vai investir, neste ano, R$ 21 milhões no programa Biodiesel Ceará.
A idéia é que o cultivo de oleagenosas para o biodiesel tenha sustentabilidade ambiental e os técnicos da Ematerce também procuram quebrar resistências por parte de alguns agricultores. "Com manejo correto o cultivo da mamona não intoxica o gado", explica o assessor de oleagenosas da Ematerce, Valdir Silva. "O girassol é uma cultura nova e nobre e por isso muitos resistem ao plantio por desconhecer as técnicas de manejo", conta.
Ajuda
A preparação dos técnicos e dos agentes rurais é para ajudar a quebrar as resistências dos pequenos produtores e garantir assistência correta aos que aderirem ao programa. "Vamos trabalhar com produtores isolados, mas levando-os, posteriormente, à organização", explica. "No primeiro momento, a agricultura familiar vai produzir semente, mas depois vamos agregar valor ao produto, vendendo o óleo". O governo vai investir neste ano na compra de mais quatro máquinas esmagadoras para associações comunitárias de produtores.
De olho na produção, o governo investiu na aquisição de novas variedades de sementes de mamona e de girassol que apresentam ciclo mais curto e maior produtividade. A mamona BRS por exemplo, que já começa chegar nas mãos dos agricultores, é uma variedade precoce com período de 120 dias de produção.
OBJETIVO
Programa visa também favorecer a inclusão social
O projeto deve ser sustentável, não degradar o solo e o meio ambiente, atendendo aos princípios agroecológicos
Iguatu. O programa Biodiesel Ceará não tem por objetivo apenas a produção de oleagenosas a partir da mamona e do girassol. "Temos a preocupação com a inclusão social e o nosso foco é a agricultura familiar", explica o coordenador do programa da Secretaria de Desenvolvimento Agrária (SDA), Walmir Severo Magalhães. "Incentivamos o associativismo, a organização social para a agricultura familiar apropriar-se da cadeia produtiva", destaca ele.
Gerar emprego e renda no campo é uma das metas do programa, mas os técnicos sabem que se os agricultores limitarem-se a somente produzir e vender os grãos correm o risco de sofrerem desestímulo em face da reduzida renda.
"O programa não pode fracassar, sofrer desvios e pressão de atravessadores que compram as sementes no campo e ficam com a maior parte da renda", observa.
A SDA tem duas preocupações básicas com o programa Biodiesel do Ceará. Deve ser uma ação sustentável, não degradar o solo, o meio ambiente, atendendo aos princípios agroecológicos. O outro aspecto é proporcionar uma melhoria da renda dos pequenos produtores por meio de um processo associativo e de inserção na cadeia produtiva.
Além de assessores técnicos, assistentes sociais da Ematerce também foram capacitadas para no campo incentivarem os pequenos produtores a participarem de organizações comunitárias. "Sabemos que essa tarefa não é fácil, há algumas dificuldades, mas vamos começar trabalhando com as organizações que funcionam, que dão certo para incentivar as demais", explica Magalhães. "As associações que funcionam receberão máquinas debulhadeiras e incentivo para formação de capital de giro".
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