Envolverde/Agência Chasque
Patrícia Benvenuti, da Agência Chasque
O percentual de 2% de biodiesel ao óleo diesel proposto pelo governo federal não contribui de forma significativa para a redução dos gases de efeito estufa. Uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) mostra que ainda são escassos os benefícios trazidos pelos biocombustíveis, especialmente o derivado da soja.
A autora do estudo, a pesquisadora Magaly Fonseca, explica que a adição de apenas 2% de biodiesel é insuficiente para reduzir os poluentes liberados pelos combustíveis fósseis. De acordo com ela, seria preciso misturar, no mínimo, 50% ao óleo diesel para diminuir o impacto do aquecimento global.
"Qualquer coisa que ajude a diminuir os poluentes que afetam o meio ambiente são ganhos, mas não são tão significativos em quantidade como se fosse uma mistura muito maior. Quanto maior for o volume da mistura ou de adição, maiores são os benefícios", diz.
A produção de biocombustíveis a partir da soja traz ainda outra preocupação. O processamento do biodiesel gera vários subprodutos, entre eles a glicerina bruta. Atualmente, são produzidas entre 14 e 15 mil toneladas do produto por ano, e quase todo esse volume é consumido pelo mercado nacional. No entanto, a projeção é de que, com o crescimento da produção de biodiesel, sejam geradas 55 mil toneladas de glicerina, sem que ainda haja um destino certo para esse excedente.
Outra conclusão do estudo é de que a produção de biodiesel de soja não auxilia na inclusão social, pois proporciona poucos postos de trabalho. Enquanto são necessárias 245 pessoas em cem hectares de tomate e 113 para lavoura de uva, cem hectares de soja empregam apenas dois trabalhadores. A planta industrial para fabricação do biocombustível também oferece poucos empregos, apenas 12. Na avaliação da pesquisadora, o governo precisa repensar os incentivos a esse modelo de produção.
"A soja é uma cultura altamente mecanizada e excludente, ela não gera empregos. O biodiesel de soja não contribui para solucionar os problemas sociais, econômicos, ambientais e estratégicos do país", conclui. FONTE: Maracaju News ? MS