Español   /   English   /   中国人   /   Français   /   Deutsch Arrecadação  /   SisCONTAG  /   Guias  /   Webmail  /   Eventos  /   Todos os sistemas  /   Login
               
 
 
UNIÃO SINDICAL
Entrevista com Víctor Báez, secretário-geral da ORIT
WhatsApp

27 de Março de 2008

TEMAS RELACIONADOS:
união sindical

Por Dick Emanuelsson (*)

A união das duas internacionais sindicais constitui um novo e importante passo na unificação do movimento sindical mundial. Entre 27 e 29 de março elas se reunirão no Panamá para a criação da Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA).

Víctor Báez, que é o secretário geral da ORIT, Organização Regional Interamericana de Trabalhadores, afiliada à CSI, assinala que a fusão com a CLAT, Central Latinoamericana de Trabalhadores, abre uma nova perspectiva porque se adquire muito mais força para a luta contra o modelo neoliberal. Ela também introduz um novo ingrediente - as Multilatinas, empresas e poderes multinacionais latino-americanos originadas de sua força econômica.

Os trabalhadores da construção do Panamá viveram na própria carne as conseqüências de uma ofensiva antisindical e antioperária, impondo sindicatos "amarelos" e o peleguismo e que, entre agosto de 2007 e hoje, já levou a vida de três operários.

Dick Emanuelsson: No mundo inteiro iniciou-se um processo de unificação das duas centrais sindicais internacionais, a CIOSL e a CMT. Como vai esse processo na América Latina?

Víctor Báez: O processo não é apenas latino-americano, mas de todas as Américas. As organizações sindicais do Canadá e dos Estados Unidos também estão participando. O Congresso de Unificação se realizará no Panamá, nos dias 27, 28 e 29 de março de 2008. Em 26 de março haverá os congressos de dissolução da ORIT e da CLAT. No dia seguinte a Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas (CSA) nascerá. Participarão também outras organizações que se mantiveram independentes até o momento e que se afiliaram à nova internacional (CSI), como a CUT Colômbia e a CTA Argentina, entre outras. Esta é uma nova central de trabalhadores e trabalhadoras, que superou essa guerra fria que tanto prejudicou os trabalhadores e trabalhadoras na história recente. Houve muitos debates e muitas reuniões nacionais, sub-regionais e regionais para chegarmos à CSA. Ninguém deixou de ser convidado. Não foi um processo sectário. Por outro lado, se ninguém pode obrigar ninguém a participar de um empreendimento como este, ninguém também pode pedir que aguardemos que absolutamente todos e todas estejam de acordo para formar a CSA. Esta será, de longe, a organização continental mais representativa dos trabalhadores e trabalhadoras do Continente. Dizemos isso com todo o respeito, e ela, por sua vez, terá a suficiente abertura para continuar trabalhando com as centrais que não estejam afiliadas a outras organizações sobre temas comuns, como fizemos no combate contra a ALCA, o neoliberalismo, a falta de liberdade sindical em vários países, etc. O movimento dos trabalhadores e trabalhadoras das Américas deve fortalecer-se. Isso pode ser feito com a melhoria dos números de filiação, de um lado e por outro, criando uma sintonia estratégica, reivindicativa e propositiva do movimento sindical desde o Alasca até a Terra do Fogo.

Dick Emanuelsson: Há um mês foi baleado e morto um ativista sindical da construção pela policia panamenha, o terceiro operário desse sindicato morto em meio ano. O protesto foi pela morte de 29 operários acidentados em 2007 no Panamá. Como tem sido o desenvolvimento da estatística de acidentes e mortes pela insegurança no trabalho na América Latina e no Caribe?

Víctor Báez: O SUNTACS, o sindicato a que pertenciam os mortos, tem todo o nosso respeito por sua história de luta sindical. Nós, juntamente com o movimento sindical internacional, reagimos enérgicamente junto ao governo do Panamá por esses assassinatos. Agora, a insegurança no trabalho é um mal endêmico no continente. Ela se concentra nas atividades vinculadas à agricultura (exposição aos agrotóxicos), construção civil (ausência de proteção e medidas de segurança nas empresas), indústria de mineração em geral, mas também vem aumentando para os/as trabalhadores/as do setor informal da economia, que não têm proteção nenhuma. Lutamos com isso todos os dias no movimento sindical, para que se adote e se faça cumprir as legislações nacional e internacional existentes. Mas a solução, além do fortalecimento sindical e da capacitação dos trabalhadores e trabalhadoras, é ter políticas publicas que obriguem os patrões a adotar medidas de proteção para os trabalhadores. Faz falta também, modificar a visão dos governos e dos Estados. Na maioria deles, os acidentes são vistos apenas do ponto de vista da compensação monetária, integrante do negocio e do lucro, e com o sacrifício dos direitos dos trabalhadores. Faz falta ver a segurança no trabalho como parte integral do direito à seguridade social dos trabalhadores e trabalhadoras.

Dick Emanuelsson: O conflito no Panamá também teve a ver com a luta contra as transnacionais que tentam introduzir um sindicato pelego. Como o movimento sindical no Continente foi afetado por essa modalidade?

Víctor Báez: Isso é verdade. As multinacionais querem estabelecer as suas próprias regras, ainda que por cima das leis nacionais, e geralmente o conseguem. Não importa a origem delas. As multinacionais norte-americanas têm uma tradição de não respeitar os direitos dos trabalhadores no seu próprio país. A AFL-CIO está promovendo uma lei sobre isso nos Estados Unidos. As multinacionais européias têm a fama de respeitar os trabalhadores na Europa, mas aqui fazem o contrário. Sem falar das asiáticas. Mas também estão surgindo multinacionais de origem latino-americana, que nós chamamos de Multilatinas, que tem o mesmo comportamento. Geralmente reprimem todo tipo de organização sindical ou criam sindicatos pelegos. Mas eu não quero descrever apenas esse problema. Os tratados de "livre comércio" e principalmente, os de "livre inversão" que são os longos braços do modelo neoliberal, procuram precisamente isso, que as empresas façam o que quiserem nos países sem se importar com as conseqüências. Essa é uma das razões porque nos opusemos à ALCA, ao CAFTA e a qualquer tratado deste tipo. Nos acordos de associação promovidos pela Europa, também nos preocupa o capitulo de livre comércio que exatamente igual ao que propõe os Estados Unidos. Estamos conversando sobre isso com a Confederação Européia de Sindicatos (CES). Casualmente no Congresso de Fundação da CSA estaremos lançando uma campanha pela liberdade de organização e o direito à negociação coletiva. Eu quero falar finalmente sobre o Dialogo Social. A ORIT tem uma posição dura a esse respeito e o mesmo continuará na CSA. Alguns dizem que no continente progrediu o dialogo social. Nós acreditamos que não e que quem diz que sim, mente. Não podemos dizer que o dialogo social progrediu porque foram formadas umas tantas comissões tripartites em diversos países, A realidade é que em muitos países da América Latina estão assassinando sindicalistas e ou sindicatos a cada dia. Pode haver o dialogo social nessas condições ? Nós dizemos que não. Colômbia, Guatemala, El Salvador, Paraguai são alguns exemplos de assassinatos diários de organizações sindicais e/ou de ativistas e dirigentes.

Dick Emanuelsson: Como a ORIT vê a situação da América Latina no geral ? Como se analisa a formação dos governos eleitos por seus povos como uma alternativa ou via contra o modelo neoliberal, países como Venezuela, Bolívia, Nicarágua?

Víctor Báez: Na ORIT nós pensamos que não pode ser indiferente para os trabalhadores e trabalhadoras que haja um governo de esquerda ou progressista ou um governo de direita. Para nós Tabaré Vázquez ou Uribe não pode ser igual. Uribe, para nós, é um inimigo declarado da classe trabalhadora, juntamente com outros governos de direita, como o de Tony Saca, por exemplo. Os governos progressistas ou de esquerda tendem a realizar esforços políticos e políticas públicas, defendendo, criando e materializando direitos sociais. Para ser claro, gostaríamos em muitos casos que fossem mais longe do que estão indo, aprofundando as mudanças que prometeram. Mas, de qualquer forma, a redução das desigualdades não pode limitar-se às políticas sociais. Na nossa Plataforma Laboral das Américas, reivindicamos um desenvolvimento sustentável que está vinculado a uma família de conceitos, como o pleno emprego, o trabalho em condições dignas, uma sociedade sem excluídos, reformas não neoliberais do sistema de proteção social para incluir mais pessoas, etc. Para terminar, a própria CEPAL fez um exercício para 2007 que acabou de se conhecer. Os governos do Brasil e do Uruguai não apenas diminuíram o desemprego, mas também aumentaram a proteção social. Apesar disso, nós esperamos que esses governos aprofundem ainda mais e o movimento sindical deve impulsioná-los para isso.

Dick Emanuelsson: Os desafios para o movimento sindical. Como ampliar o trabalho para que os movimentos sociais que têm uma grande incidência em vários países da América Latina se incorporem à luta ?

Víctor Báez: Vamos por partes. Nós acreditamos que um dos principais desafios do movimento sindical é uma revisão de suas estruturas para ser, internamente, mais democrático, mais participativo e em conseqüência mais representativo. Essa é uma das teses do Congresso de Fundação da CSA, Devemos incluir mais jovens, mais mulheres, mais setores não tradicionais do sindicalismo. Em muitos países é necessário superar o modelo de sindicato de empresa, por exemplo. É necessário estender pontes para superar os efeitos dessa guerra fria que dividiu o debilitado movimento sindical da América Central, por exemplo. Deve haver uma complementação entre o que a CSA faz com o que fazem as articulações sub-regionais na área andina, América Central, Cone Sul e Caribe e também com que as centrais sindicais fazem no plano nacional. Devemos promover a unidade. Existem países onde existem mais de 20 centrais operárias, com um movimento sindical pequeno e debilitado. È impossível continuar nessas condições. Mas, por outro lado, é necessário aumentar a qualidade política. O movimento sindical das Américas faz parte de um movimento sindical internacional e deve influenciar nele com as aspirações dos trabalhadores e trabalhadoras desta parte do mundo. Nós devemos nos preocupar, enquanto organização continental, com o que acontece no mundo - na OMC e em suas conseqüências para nossos países por exemplo. Não podemos ficar olhando enquanto os sindicatos dos países desenvolvidos discutem esses temas. O novo internacionalismo sindical que se procura com a criação da CSI e com a fundação da CSA exige uma maior participação das organizações regionais como a nossa. Os desafios externos são o combate ao neoliberalismo, aos tratados de livre comércio - venham de onde vierem, ao trabalho infantil e suas causas, às discriminações. Queremos um modelo alternativo àquele que as potências querem nos impor, com seus tratados livre cambistas, porque, além do que dizem as leis, que são importantes, a verdadeira garantia para o respeito e conquista de nossos direitos é o modelo econômico e social que nos demos em nossos países e regiões. Tudo isso está no programa de luta da CSA. Quanto aos movimentos sociais, continuaremos trabalhando com eles e junto a eles, desde a ORIT e no futuro desde a CSA. A ORIT foi fundadora da Aliança Social Continental que teve um papel destacado na luta contra a ALCA e em outros campos. Já estamos fazendo isso e continuaremos fazendo. Acreditamos profundamente numa política de alianças com outros setores da sociedade, como o dos camponeses, das mulheres, das organizações indígenas, dos Direitos Humanos, etc. que procuram as mesmas coisas que nós procuramos. (Rebanadas de la Realidad, 19.03.2008)

(*) Correspondente sueco para a América Latina. Ele cobre o mercado trabalhista para a imprensa sindical sueca. ORIT Info é o boletim informativo bimensal da Organização Regional Interamericana de Trabalhadores. A ORIT agrupa a 33 confederações e centrais de trabalhadores e trabalhadoras de 29 países da Região Americana. www.cioslorit.org oritInfo@cioslorit.org



WhatsApp


Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares
SMPW Quadra 01 Conjunto 02 Lote 02
Núcleo Bandeirante/DF
CEP 71.735-102

(61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299
secretariageral@contag.org.br

Horário de Funcionamento:
8h30 às 12h e 14h às 18h
A CONTAG é filiada à:
Secretarias
Presidência
Vice-presidência e Relações Internacionais
Secretaria Geral
Finanças e Administração
Política Agrária
Política Agrícola
Meio Ambiente
Políticas Sociais
Formação e Organização Sindical
Mulheres Trabalhadoras Rurais
Jovens Trabalhadores(as) Rurais
Trabalhadores(as) da Terceira Idade
Comunicação
Política Nacional de Comunicação
A Assessoria de Comunicação
Comunicação Visual
Bandeiras de luta
Fortalecimento da Agricultura Familiar
Acesso à terra e reforma agrária
Políticas públicas estruturantes
Políticas Sociais para o meio rural
Paridade de gênero
Sucessão Rural
Fortalecimento dos sujeitos do campo, floresta e águas
Agroecologia
Preservação e conservação ambiental
Combate à violência no campo
Direitos dos Assalariados/as Rurais
Mobilizações
Grito da Terra Brasil
Marcha das Margaridas
Festival Nacional da Juventude Rural
Festival Juventude Rural Conectada
Encontro Nacional de Formação (ENAFOR)
Plenária Nacional da Terceira Idade
Sistemas
SisCONTAG
ARRECADAÇÃO
GUIAS E CONTRIBUIÇÕES
WEBMAIL
SISTEMA DE EVENTOS
INTRANET
JOVEM SABER
JOVEM SABER (Novo)
LEGISLATIVO
EDITAIS
REFORMA AGRÁRIA
Campanhas Institucionais
Campanha Nacional de Sindicalização – Sindicato de Portas Abertas
Reforma Agrária: nossa luta vale a pena
Década da Agricultura Familiar
Raízes se formam no campo – Educação Pública e do Campo é um direito nosso
Campanha contra a Grilagem
Em defesa da Previdência Social Rural
Plano Sustentar
Cuidados com o Coronavírus
Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico