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MEIO AMBIENTE
Entidades da sociedade civil criticam alterações na composição do Conabio
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13 de Fevereiro de 2020


VICTOR MORIYAMA/GREENPEACE/AFP/JC
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O governo Jair Bolsonaro excluiu entidades ambientalistas, representantes de povos indígenas e movimentos sociais da composição da Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio). A decisão foi publicada no Diário Oficial da União na quarta-feira (12).

Assinado pelo presidente e por Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, o decreto o nº 10.235 altera o decreto nº 4.703, de 21 de maio de 2003, do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A determinação foi criada para orientar a elaboração e a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente por meio do Programa Nacional de Diversidade Biológica (Pronabio), coordenado pelo Conabio.

Entre as organizações da sociedade civil que faziam parte do Conselho e foram excluídas, estão a Associação Brasileira de Entidades do Meio Ambiente (Abema), o Movimento Nacional dos Pescadores (Monape), Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente (Anamma), movimentos sociais indicados pelo Fórum de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente (FBOMS), a Confederação Nacional de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), e representantes da comunidade acadêmica indicados pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Os povos indígenas também foram diretamente afetados, já que com o novo decreto, a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiab) não possui mais espaço no Conabio.

Márcio Nicácio, vice presidente da organização indígena, critica a determinação.“É mais um ato irresponsável do presidente da República, que tira a sociedade da condução e gestão das políticas públicas. Essa atitude não é nova. Desde o ano passado ele [Bolsonaro] já editou vários decretos que exclui a sociedade e principalmente os povos indígenas de espaços conquistados pelos povos indígenas”, afirma Nicácio. A Coiab era representada no Conabio pela deputada federal e indígena Joênia Wapichana.

O que mudou?

Agora, para participar do Conselho, é preciso que as entidades atuem em âmbito nacional e estejam inscritas, há pelo menos um ano, no Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas.

O novo decreto manteve a participação dos ministérios da Defesa, das Relações Exteriores, da Economia, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Desenvolvimento Regional e da Saúde. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade (ICMbio) e o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro seguem compondo o conselho.

Os lugares da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), assim como da Confederação Nacional da Indústria (CNI), também foram mantidos.

Para Rosmarí Malheiros, secretária de Meio Ambiente da CONTAG, o decreto reafirma o completo alinhamento do governo com o agronegócio, já que mantém entidades ocupadas por ruralistas, e elimina a participação de organizações como a CONTAG.

Rosmarí Malheiros, secretária de Meio Ambiente da CONTAG

Ela afirma que as entidades excluídas continuam in loco, denunciando os impactos ambientais que ocorrem em todo o Brasil, a exemplo das queimadas da Amazônia e do derramamento de petróleo no litoral nordestino.

“A partir deste decreto, quem vai denunciar? A CNA, que defende o agronegócio, o aumento de terras para a monocultura? É a indústria que quer cada vez mais tirar as riquezas naturais do nosso país e levar para fora?”, questiona Malheiros, defendendo que as comunidades rurais são quem realmente atuam na defesa do meio ambiente.

“Esse decreto fere dois princípios. Primeiro é o princípio da defesa, de fato, do meio ambiente. O outro é a democracia. Ele rompe, mais uma vez, com a democracia no país, uma marca do atual governo federal”.

Essa não é a única ofensiva contra organizações na área ambiental. Na última quinta-feira (6), o governo também publicou um decreto extinguindo as vagas destinadas a representantes da sociedade civil no conselho deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA). Desde então, o fundo passou a ser composto exclusivamente por integrantes de órgãos do Poder Executivo federal.

Em nota, ​​a​​​​ Abema, entidade que reúne as secretarias de estado de meio ambiente, autarquias e fundações estaduais de todo o país, repudiou as decisões da gestão Bolsonaro.

Em resposta, a associação enviou ao governo federal um pedido de revisão do decreto publicado nesta quarta (12) . "Os órgãos estaduais de meio ambiente tem muito a contribuir com a agenda da biodiversidade uma vez que executam grande parte da política ambiental nacional prevista na Lei da Política Nacional de Meio Ambiente. A política de meio ambiente é nacional e não da União", argumenta o texto.

A reportagem do Brasil de Fato solicitou posicionamento do Ministério do Meio Ambiente mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

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FONTE: Brasil de Fato - Lu André e edição de Leandro Melito



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