“Aprender é uma aventura criadora”, nos ensina o mestre Paulo Freire e foi assim toda a vivência do Curso Nacional de Aprofundamento Temático e Desenvolvimento Metodológico – 8ª Turma da ENFOC, que marcou a retomada dos processos formativos presenciais da Escola e a realização do novo Itinerário Formativo da ENFOC.
O Curso foi realizado em dois módulos. O 1º aconteceu de 20 a 26 de março e o 2º de 6 a 12 de maio, em Brasília, reunindo mais de 100 educadores e educadoras populares da Rede da ENFOC de todos os estados brasileiros.
Todos os momentos possibilitaram ao grupo viver uma aventura criadora, o reencontro e a presença comprometida. Afinal, esse processo formativo está referenciado na educação popular, na construção coletiva do conhecimento, na multiplicação criativa, no fortalecimento da Rede e no trabalho de base alinhado às Linhas de Formação da Política Nacional de Formação (PNF) e à estratégia formativa da ENFOC.
Portanto, o curso teve como objetivos contribuir para desenvolver itinerários formativos político-sindicais que valorizem a abordagem classista, que estimulem o protagonismo dos trabalhadores e trabalhadoras na disputa pela construção de uma nova sociabilidade alternativa ao capitalismo. Como também fortalecer o trabalho de base como estratégia permanente de formação política e de organização de base.
O novo Itinerário Formativo da ENFOC foi socializado com a Rede de Educadores e Educadoras Populares para a reflexão e compreensão coletiva sobre a estratégia político-pedagógica, destacando sua intencionalidade e seu percurso. A atualização do Itinerário Formativo é fruto das formulações feitas pelo GT ENFOC que tratou especificamente da reestruturação do itinerário a partir das Linhas de Formação da PNF atualizadas no 13º Congresso da CONTAG. Esse fazer coletivo contextualizado foi articulado à ação-reflexão dialógica.
“Todos nós temos uma tarefa muito importante para a continuidade e o fortalecimento do movimento sindical e esse novo Itinerário Formativo da ENFOC, sem dúvida alguma, vai contribuir com esse processo, principalmente nessa conjuntura de retomada da democracia no País. Por isso, vamos reforçar a nossa mobilização, fazer o debate do itinerário formativo e fortalecer a democracia, a educação popular e o trabalho de base”, destacou o secretário de Formação e Organização Sindical, Carlos Augusto (Guto).
PROGRAMAÇÃO DO SEGUNDO MÓDULO
Neste 2º módulo, a turma refletiu sobre o contexto sindical – atualidade e diálogo com o governo federal; construiu o Mapa Situacional do território onde os cursos de base serão realizados e fez a análise sobre os desafios e perspectivas de trabalho de base na atualidade; refletiu sobre a luta antipatriarcal e antirracista na sociedade contemporânea e sobre a participação e controle social nas políticas públicas e sociais do Governo Lula. E vivenciou a Mostra de Saberes e Sabores: ancestralidade e cultura; Ao longo dessa semana também foi iniciada a construção do planejamento dos cursos nos estados e a formação de base; também foi feita a avaliação do 2º módulo.
Um dos destaques do processo formativo foi a realização do Seminário Nacional CONTAG 60 anos na luta por democracia, direitos e justiça social, juntamente com o lançamento do livro “CONTAG 1963-2023: Ações de Reprodução Social e Formas de Ações Coletivas”, de autoria do pesquisador Marco Antonio Teixeira. Também foi realizada visita pedagógica para conhecer diversos espaços de Brasília onde a CONTAG, ao longo da sua trajetória de lutas em defesa dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, vem conquistando políticas públicas.
Depois desses dois módulos intensos e potentes, como saem os educadores e educadoras populares?
“Saio dessa formação com o sentimento de dever cumprido com o objetivo que viemos até aqui, que foi buscar conhecimento, ter um olhar para a nossa base e conhecer ainda mais do nosso território para que, chegando lá na base, possamos evoluir cada vez mais no trabalho de base, na representação dos agricultores e agricultoras familiares seja no nosso estado ou na nossa região.”
Aline Maier – educadora popular (Região Sul)
“Estou no itinerário da Escola, nesta 8º Turma, que nos faz o aprofundamento temático e metodológico para abordar as necessidades de fortalecimento da classe trabalhadora, sobretudo na base.”
Francisca Sousa – educadora popular (Região Nordeste)
“E a nossa missão é fazer com que o ser identifique e conheça a sua identidade e que o ser seja sujeito da sua história, porque foi tirado do povo camponês a condição de ser sujeito da história e é com essa expectativa que eu volto.”
Luciene da Silva – educadora popular (Região Sudeste)
“Estou saindo daqui uma nova pessoa porque agora estou sabendo mais sobre o movimento sindical, sobre as nossas lutas e também vou levar para a base sobre a importância do movimento sindical, sobre raça, sobre o movimento LGBTQIA+, sobre as mulheres e principalmente sobre a sucessão rural com uma jovem agricultura familiar que sou.”
Kemily Rodrigues – educadora popular (Região Centro-Oeste)
“Saio com o tanque abastecido para colocar em prática o que a gente discutiu aqui tendo em vista que estamos vindo de um governo negacionista e entrando num governo progressista, é claro que as coisas vão andar lentamente, mas as expectativas são as melhores possíveis.”
Raimundo das Chagas – educador popular (Região Norte)
Fonte: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi