Realizar um balanço das diferentes políticas públicas relativas aos povos e culturas indígenas aplicadas nos últimos anos na Região Nordeste. Com este objetivo principal teve início ontem, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), o IX Simpósio ObservaNordeste - uma Cidadania Diferenciada: Políticas Públicas e Povos Indígenas no Nordeste.
A iniciativa, da Fundação Joaquim Nabuco, Observatório Social do Nordeste, Museu Nacional do Rio de Janeiro e Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), prossegue até 14 de novembro, no Campus do Benfica da Universidade Federal do Ceará (UFC), com encerramento no auditório do Centro Dragão do Mar.
A idéia do evento, de acordo com João Pacheco de Oliveira, antropólogo do Museu Nacional e conferencista da noite de ontem, é reunir em torno da questão indígena estudiosos, técnicos e representantes de movimentos sociais. Em sua palestra, Pacheco mostrou como foi decisivo o processo de massacre aos índios a partir do século XIX para a fragilização destes povos no Brasil. "Nesta época, alguns governantes anunciaram a extinção dos índios. Foi um processo que não chegou a ser completo, porque eles continuaram resistindo, mas foi muito violento", observa.
Com o decorrer do tempo, a legislação se tornou mais favorável aos indígenas e isso permitiu o reaparecimento destes povos em lugares que antes nem se tinha conhecimento de sua presença. "À medida que há um novo reconhecimento de direito, brota outra vez (a maior presença dos índios). De acordo com o IBGE, hoje vivem cerca de 740 mil índios no Brasil. Destes, 170 mil estão no Nordeste", diz.
Para Maria Amélia Leite, da Associação Missão Tremembé, as discussões geradas no evento irão contribuir para o fortalecimento da luta dos povos indígenas no Ceará. "É importante revelar a presença indígena no Ceará e no Nordeste. Os índios costumam dizer que querem ser conhecidos e reconhecidos como indígenas e isso é muito importante para fazer valer os direitos deles", observa.
Auto Filho, titular da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), disse que está em curso a criação do Memorial das Culturas Indígenas do Ceará, previsto para ser efetivado no início do próximo ano. Além do simpósio, a Fundação Joaquim Nabuco realiza desde setembro a exposição "Índios - Os Primeiros Brasileiros", no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, que prossegue até 30 de dezembro.
SERVIÇO
IX Simpósio ObservaNordeste - Uma Cidadania Diferenciada. De 11 a 14 de novembro, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e Campus do Benfica. FONTE: O Povo ? CE