Beneficiada com uma liminar da Justiça que impede ataques do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) a suas propriedades, a Vale prepara-se para uma nova possível manifestação, que estaria marcada para o dia 7 de abril em Parauapebas (PA), por onde passa a Estrada de Ferro Carajás. A ferrovia liga a cidade paraense, dona da maior jazida de minério do mundo, a São Luís (MA).
De acordo com o diretor de Meio Ambiente e Projetos Institucionais da empresa, Walter Cover, a Vale trabalha com informações de que os manifestantes podem usar de violência contra o patrimônio, conforme ocorreu na semana passada na Estrada de Ferro Vitória-Minas, em Resplendor, a 445km de Belo Horizonte. No dia 11, integrantes do MST e da Via Campesina paralisaram a ferrovia e foram acusados de danificar trilhos e impedir a saída do maquinista do trem. "Estamos certos de que vai haver ocupação em Parauapebas. Já avisamos as autoridades e esperamos que o estado aja rapidamente", diz.
Por meio da assessoria de imprensa, o movimento negou qualquer ação em Parauapebas em abril ? tradicional mês de manifestos por causa do massacre de Eldorado de Carajás ? e afirmou que se trata de uma "especulação da Vale, como forma de intimidar os trabalhadores e moradores do local".
Cover acredita que a empresa, alvo de oito ocupações nos últimos oito meses, sirva de bode expiatório para o movimento negociar suas bandeiras de luta com os governos estaduais e federal. "Somos objeto de uma luta política e ideológica. Com as ocupações, o MST consegue espaço na mídia, consegue negociar com o governo. Mas nós não vamos negociar com o MST", avisa. No Pará, a Vale investiu US$ 4 bilhões em 2007. A previsão da empresa para os próximos quatro anos é investir mais US$ 20 bilhões somente no estado, com a contratação de 35 mil trabalhadores.
Citada por João Pedro Stédile na aula magna ministrada ontem na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Monsanto manifestou-se, em nota, sobre as ofensivas do movimento contra a transnacional: "A Monsanto lamenta que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se dedique a combater e destruir pesquisas com plantas geneticamente modificadas no Brasil. O segmento de pequenos agricultores é um dos que mais poderia se beneficiar da biotecnologia, como já têm demonstrado os exemplos do Brasil no exterior". FONTE: Correio Braziliense ? DF