BRASÍLIA - Inaugurada em dezembro, com a promessa de autonomia em relação ao governo e isenção no tratamento de todos os assuntos, a TV Brasil, emissora pública criada por meio de uma medida provisória e agora em discussão no Congresso, ainda carrega vícios das televisões oficiais. Na Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), nome oficial do canal, a autopromoção de instituições estatais e a falta de regras para os anúncios institucionais ainda são problemas não resolvidos. Entre os pontos positivos, estão programas sobre música e cinema, além de reportagens mais aprofundadas que as das emissoras comerciais, além de enfoque didático. Além disso, não falta espaço para a oposição se manifestar.
O Mobilização Brasil, que vai ao ar de segunda a sábado, às 7h30, é o maior exemplo da confusão entre informação e propaganda. O espaço é pago pela Fundação Banco do Brasil e propõe mostrar "como a mobilização da comunidade resulta na solução de problemas sociais antigos". De fato, aponta ações bem-sucedidas que envolvem cooperativas e agricultura familiar, todas patrocinadas pela fundação. Além das atividades, no entanto, o programa dá destaque para representantes da patrocinadora, que comentam projetos financiados pelo banco.
A diretora de jornalismo da TV Brasil, Helena Chagas, lembra que oposicionistas como o senador Heráclito Fortes (PI) e o deputado José Carlos Aleluia (BA), ambos do DEM, já participaram de debates na emissora. Ela conta que os programas jornalísticos terão cada vez menos reportagens de aparência oficial, como assinaturas de convênios. Tive espaço na TV, não vou negar. E o entrevistador foi bastante equilibrado. Mas acredito que a TV Brasil não foi concebida como emissora pública, no sentido de não ter influência do governo nem do setor privado. É diferente das universidades públicas, que têm autonomia, elegem aqueles que vão comandar", ressalta Aleluia. FONTE: Correio da Bahia ? BA