O tesoureiro do assentamento Buritis das Gamelas, localizado às margens da BR-040, rodovia que liga Brasília a Belo Horizonte, na Zona Rural de Cristalina, Waldomiro Pereira da Silva, 61 anos, foi executado com um tiro na cabeça, em uma emboscada. O assassinato ocorreu na madrugada de segunda-feira, em uma estrada de terra próximo ao assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), integrado por 72 famílias de trabalhadores sem terra.
No momento do crime, Waldomiro estava acompanhado da secretária do acampamento, Lidiane de Oliveira Ribeiro, 21 anos, que foi poupada na ação. A dupla foi abordada por quatro homens, fortemente armados, que usavam um Santana de cor escura. A polícia já trabalha com o nome de quatro suspeitos.
Momentos antes da execução, os criminosos incendiaram a casa do presidente do Buritis das Gamelas, identificado apenas como Ubiraci. Lidiane dormia na casa de Waldomiro, a cerca de 500 metros do local. O casal acordou com o barulho do fogo e, quando abriu a porta, viu a casa em chamas. Procuraram, então, Ubiraci no imóvel, mas ele não estava lá. O tesoureiro e a secretária seguiram para a casa de Jorge, pai do presidente de Buritis. Preocupados com o desaparecimento, parentes saíram em uma Belina à procura do presidente, na Fazenda Algamar, a cerca de dois quilômetros de distância. Eles foram seguidos pelo Gol de Waldomiro.
Mas, no momento em que chegaram em um cruzamento próximo à fazenda, os suspeitos efetuaram vários tiros contra as cinco pessoas que estavam nos dois veículos. Houve perseguição. A Belina foi atingida no vidro traseiro, mas o motorista conseguiu fugir. Com o pneu furado a bala, o Gol parou pouco depois. Waldomiro foi retirado do carro e executado de joelhos à queima-roupa.
Disputa por terras
De acordo com o delegado-titular da Delegacia de Cristalina, Rafael Pareja Camargo, o crime está relacionado à distribuição de terra no Assentamento Buritis da Gamelas. O presidente e o tesoureiro haviam recebido ameaças depois que 12 famílias foram retiradas do local por determinação do Incra. O motivo da desocupação foi a falta de moradia no assentamento. "Alguns moravam em Brasília e usavam a área apenas para fazer churrasco nos fins de semana", disse Camargo.
O pedido de reintegração de posse do Incra e a notificação dos retirados geraram animosidade entre eles e os líderes do movimento. No início deste mês, os ânimos se acirraram com novas ameaças. No entanto, Ubiraci e Waldomiro não registraram ocorrência policial.
O comerciante Renato Pereira da Silva, 35 anos, filho de Waldomiro, disse que o pai tinha comentado as ameaças, mas não as levava a sério porque era um trabalhador e só queria melhoria para os sem terra. Renato afirma que o pai vivia no assentamento há quatro anos e sonhava fazer um recanto em sua parcela. Waldomiro será sepultado hoje em Carmo do Rio Verde (GO), sua terra natal. O Incra mandou um assessor para acompanhar as investigações da morte do trabalhador. FONTE: Click Brasília ? DF