O paranaense Ismael Osório Meira já derrubou árvores em todas as partes de Rondônia: reservas estaduais de mata nativa, reservas federais, áreas indígenas, propriedades de pequenos e grandes agricultores. Ele mora em uma casa de madeira bastante simples, à margem da estrada de terra que liga os municípios de Cujubim e Machadinho do Oeste, responsáveis por quase 50% dos mais de 1 milhão de m3 de madeira extraídos no Estado em 2006. Essa região é considerada uma das 36 áreas que mais desmataram a floresta amazônica no último ano.
Há dois meses, Osório foi indiciado por crime ambiental, durante a Operação Arco de Fogo, do governo federal. Ele perdeu o trator e o caminhão. Para as 50 mil pessoas que vivem em Machadinho e Cujubim, ele e outros "toreiros" não são criminosos, são apenas elos da cadeia produtiva que criou cidades especializadas na devastação de floresta. Sem alternativas econômicas, é difícil crer que, após a saída das forças federais, eles deixarão de buscar na floresta a única forma de renda que lhes resta.
FONTE: Valor Econômico - 19/05/2008