A reivindicação de uma educação diferenciada para o campo deu o tom nas discussões da mesa de exposição sobre Educação no Campo e Formação Profissional, nesta quinta-feira (29). O debate teve a participação do secretário de Políticas Sociais da Contag, José Wilson, do membro da Comissão de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoas, Naiana Carla, e de dois representantes do Ministério da Educação: o secretário de Formação Continuada, Alfabetização e Diversidade, André Lázaro, e a coordenadora-geral de Políticas da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, Caetana Rezende. José Wilson frisou que a educação no campo é uma das principais bandeiras dos movimentos sindicais e que deve ser tratada como proposta de política permanente, e não como fator pontual da conjuntura política. “As discussões devem ser direcionadas aos questionamentos sobre o tipo de educação que está sendo desenvolvida no meio rural e se está atendendo às necessidades”, opina. De acordo com José Wilson, “o governo deve viabilizar políticas educacionais para o campo que dialoguem com geração de renda, preservação do meio ambiente, e que tenham na família o ambiente propício para o jovem permanecer no campo”. Posição do governo O secretário de Formação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, André Lázaro, destacou a importância dos movimentos sociais no que se refere às reivindicações de direitos da juventude. “A agenda de educação no campo só está no Ministério da Educação porque vocês pressionaram”, frisou. Para ele, a educação no meio rural deve ser adequada e integrada às necessidades sociais de produção e reprodução. “Nesse aspecto, os próximos 10 anos serão decisivos para se ter uma política do campo forte e inclusiva”, aponta. “Estamos desenhando um percurso educacional aliado às demandas de vocês. Muitas oportunidades estão surgindo, como a ida de universidades federais para o interior e os espaços para formação de técnicos em assistência técnica e extensão rural nas cidades. Mas temos muito ainda a fazer”, promete. A coordenadora-geral de Políticas da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, Caetana Rezende, reforçou a ideia de que o modelo educacional atual não é compatível com a realidade do campo e que isso dificulta os esforços para a permanência do jovem no meio rural. De acordo com a expositora, outra lógica deve ser implementada. “A formação profissional deve abranger aspectos culturais, científicos e tecnológicos associados à forma como o campo gera suas atividades econômicas”, acredita. “É fundamental, também, que a juventude tenha acesso ao lazer, para que o aprendizado seja eficaz”, completa. Naiana Carla, membro da Comissão de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoas, afirmou que algumas ações voltadas para a educação no campo precisam ser revistas. “Queremos que a escola do campo fale nossa língua, respeite nossa cultura e nosso modo de viver. Por isso, precisamos que os professores sejam formados no campo, pois existem educadores que nos discriminam”, garante. FONTE: Rafael Nascimento, Agência Contag de Notícias