Agência Brasil
Brasília - Em 2008, para impulsionar o crescimento do país, será necessário investir em infra-estrutura e o emprego e a renda devem passar por recuperação, avaliaram economistas em entrevista à Rádio Nacional.
Para o coordenador do grupo de análise e previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Nonnemberg, a falta de investimentos em transportes, geração e transmissão de energia podem ser entrave para o crescimento neste ano.
"Se esses investimentos forem realizados e se os investimentos privados resultarem rapidamente em aumento da capacidade produtiva, será possível a economia brasileira continuar crescendo algo parecido com 5% durante mais alguns anos".
O economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Ademar Mineiro, acredita que a recuperação do emprego pode ter maior fôlego por fatores como a recuperação do investimento e a redução das taxas de desemprego nas principais regiões metropolitana.
"Se começa a ter desempenho para além de alguns setores da economia, uma recuperação mais generalizada, embora com muitas dúvidas quanto ao cenário externo".
Ele espera ainda a recuperação dos salários. "O que se espera é que, em um quadro de uma economia mais aquecida, onde o fantasma do desemprego esteja menos presente, se comece a ter alguma recuperação das mobilizações dos trabalhadores e as negociações salariais comecem a recolocar a questão dos aumentos reais de salário".
Nonnemberg, do Ipea, considera que devem permanecer este ano os fatores que geraram aumento do consumo em 2007, como expansão do crédito, redução da taxa de juros e programas de transferência de renda como o Bolsa Família.
"Esses são os fatores principais que contribuíram para esse crescimento sustentado em 2007 e que provavelmente continuará, talvez um pouquinho menos, em 2008".
Ele aponta que a alta do preço dos alimentos representa um risco para a inflação em 2008. "Os preços dos grãos no mercado internacional estão em alta. Um dos principais fatores na elevação da inflação foi o preço dos alimentos. Esse é uma questão que devemos ficar atentos em 2008".
O economista avalia também que o Brasil é um dos países que pode reagir a essa crise nos preços na área dos alimentos com a expansão da produção.
"Nela tem particular importância a questão da agricultura familiar. Teria que ver como o governo vai ampliar o Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar], de forma a ter uma reação expressiva na produção de alimentos".
O incentivo à agricultura familiar representaria, inclusive, manter mão-de-obra no campo e até deslocar trabalhadores da cidade para o campo, segundo Nonnemberg. "Isso tem um impacto positivo na renda do trabalhador e no mercado de trabalho". FONTE: A Tarde Online ? BA