Whilley Araújo
Teve início ontem, no Centro de Treinamento da Diocese de Rio Branco, a quarta plenária estadual de Economia Solidária. O objetivo do encontro é reafirmar os eixos principais das políticas públicas para o setor. São eles, Finanças Solidárias, Marco Legal, Comercialização dos Produtos e Formação.
Participam do evento, que se estende até hoje, representantes de empreendimentos de 13 municípios do Acre, além dos gestores dos órgãos públicos e organizações não-governamentais que compõem o Fórum Estadual de Economia Solidária.
A plenária integra o movimento que busca promover o desenvolvimento econômico e social para gerar igualdade de direitos e distribuição de renda. Instituído no Acre no final de 2003, o programa de Economia Solidária já consolidou em todo o Estado 630 empreendimentos, em áreas que vão desde a agricultura familiar até as empresas recuperadas, como Copel e Bonal, por exemplo.
As idéias e propostas que resultarem da plenária estadual serão levadas ao encontro nacional, que acontecerá no mês de março em Brasília. "Precisamos dessas afirmações para elaborarmos propostas concretas que propiciem o desenvolvimento da economia solidária no município, Estado e país, por meio de políticas públicas para o setor", afirma o presidente do Fórum Estadual de Economia Solidária, Carlos Omar da Silva.
Segundo ele, a economia solidária vem garantindo o desenvolvimento local, auxiliando assim as próprias pessoas que estão envolvidas nos trabalhos realizados, as quais não contam com um patrão.
"A Economia Solidária traz uma cara nova dentro do Acre, onde as pessoas envolvidas na iniciativa respeitam uma democracia dentro do programa, e essa concepção nos dá um potencial muito forte, com todos nós, enquanto empreendimento, podendo tomar decisões sem a necessidade de haver a relação patrão/empregado", frisa Omar.
Adepta recente ao programa de economia solidária, Maria do Carmo da Silva, da Reserva Extrativista Chico Mendes, em Xapuri, diz que está começando a trabalhar com produção familiar, através da confecção de artesanatos e outros produtos extraídos da floresta.
"Quando executamos a economia solidária, estamos trabalhando de forma organizada e coletiva, o que proporciona uma renda familiar maior no final do mês. Isso significa uma esperança a mais para as nossas famílias e para os moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes", destaca Maria do Carmo.
Sobre economia solidária
Economia solidária é um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver, sem explorar ninguém e sem querer levar vantagem e destruir o ambiente, cooperando e fortalecendo o grupo sem patrão nem empregado, cada um pensando no bem de todos e no seu próprio bem.
É uma prática que considera os valores de autogestão, como democracia, cooperação, solidariedade, respeito à natureza, promoção da dignidade e valorização do trabalho humano, tendo em vista um projeto de desenvolvimento sustentável global e coletivo.
Consumindo solidariedade
Já existem no Brasil milhares de empreendimentos solidários. São cooperativas, associações de trabalhadores no campo e na cidade, lojas de consumo solidário, empresas recuperadas e administradas pelos operários, agências de turismo, entre outros empreendimentos, onde ao invés de exploração do trabalho há cooperação e respeito pela natureza em lugar da destruição do ambiente. Por isso, quanto mais pessoas comprarem bens e serviços produzidos solidariamente, mais esses empreendimentos irão se fortalecer.
É importante comprar alimentos, vestuários, móveis ou serviços produzidos em grupos onde tudo é decidido em pé de igualdade, os ganhos repartidos entre todos e o ambiente cuidado, fazendo crescer a nova economia baseada na colaboração, que considera mais importante o bem-estar das pessoas e não o lucro. FONTE: Página 20 ? AC