03/12/2007 - Os proprietários da Fazenda Eldorado, invadida na madrugada do último sábado por um grupo de mais de 400 pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), impetraram hoje na Justiça de Valinhos o pedido de reintegração de posse da área, que possui cerca de 200 hectares. A juíza Daniella Aparecida Soriano Uccelli, da 2ª Vara da cidade, terá 48 horas para analisar a solicitação de liminar, que visa à saída dos ocupantes da fazenda.
Os representantes do MST alegam que a invasão é uma forma de pressionar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a realizar vistorias para identificar as terras improdutivas na região que abrange as cidades localizadas entre Campinas e São Paulo, além de ser um ato de repúdio pela, segundo eles, ação violenta da Polícia Militar (PM) na execução da reintegração de posse do Horto Florestal Tatu, em Limeira, na última sexta-feira.
Uma comissão dos invasores se reunirá com representantes do Incra amanhã, às 16h, na sede do instituto, na Capital. "O Incra nunca realizou vistoria nessa região. Queremos uma posição concreta sobre isso. Para nós, essa terra é improdutiva", disse um dos coordenadores do MST, Pedro Sales. O Incra informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que são feitas vistorias de rotina nas terras da região de Campinas, assim como em todo o Estado, e que os resultados dessas inspeções serão apresentadas na reunião de amanhã.
O advogado que representa os proprietários da Fazenda Eldorado, Mario de Camargo Andrade Neto, disse que a área invadida não é improdutiva, pois havia 100 cabeças de gado de corte, plantações de verduras e criação de peixes. O imóvel, onde antigamente funcionava uma granja, teria sido adquirido pelos atuais donos há cinco anos com a intenção de transformar a área em condomínio fechado residencial e turístico.
"Esse projeto não se faz em pouco tempo. É necessário mudar o zoneamento da cidade, mediante lei municipal, e alterar o plano diretor do município. Isso demanda várias audiências públicas, com a interferência de todos os seguimentos da sociedade, inclusive o Ministério Público, o que torna um processo lento", justificou o advogado do proprietário.
Segundo Andrade Neto, um dos padres da Pastoral da Terra teria pedido um prazo de 60 dias para os invasores deixarem a propriedade. "Não há a mínima possibilidade de um acordo como esse. Se eles tivessem me pedido dois ou três dias, era uma coisa, mas dois meses não tem condições", afirmou o advogado. FONTE: Cosmo Online ? SP