Ricardo Brandt e Ricardo Rodrigues
O diretor do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) em Alagoas, Cristiano Ezequiel Mendonça, indicado para o cargo pelo deputado Maurício Quintela (PR-AL), é um dos 21 presos pela Operação Carranca. A investigação envolve um esquema de fraudes em contratos públicos em municípios alagoanos com recursos da União.
Além de Cristiano, foram presos seu irmão Paulo Ezequiel Cintra de Mendonça e seu pai, Paulo Roberto Pontes Mendonça. Os três são sócios da Construtora Estrela, que, segundo as investigações, integrava um dos grupos que buscavam recursos federais e fraudavam concorrências públicas.
Não há nenhum indício de ligação do deputado com o esquema de fraudes em convênios federais. Por meio de sua assessoria de imprensa, Quintela informou que ele e o diretor do DNOCS são amigos e a indicação para o cargo foi mesmo sua. O parlamentar garantiu, por fim, que encaminhou ontem um pedido ao Ministério de Integração Nacional para que Cristiano seja afastado do cargo.
O Estado apurou que o Ministério Público Federal e a Polícia Federal investigarão, em uma segunda etapa, o envolvimento de deputados e senadores de Alagoas com as construtoras e os investigados.
Um funcionário e um ex-funcionário do DNOCS também foram detidos. O funcionário é Edson José da Silva, que foi vice-prefeito de Palmeira dos Índios - uma das 12 cidades com maior volume de verbas desviadas. José Antonio de Melo, outro preso na operação, é ex-funcionário do órgão e atual secretário de Obras de Palmeira dos Índios.
O delegado da PF André Santos Costa, responsável pelo caso, não cita nomes. Mas afirma que, apesar de haver funcionários do DNOCS entre os presos, não há investigação sobre recursos do órgão.
A reportagem apurou que, entre os quatro grupos investigados no caso, o comandado pelo empresário Ronaldo Farias de Lacerda, dono da Lacerda Engenharia, era o mais influente e com maior volume de contratos e recursos recebidos. As atividades de Lacerda já haviam sido reveladas pelo Estado no mês passado. Levantamento feito em publicações do Diário Oficial constatou que desde 2004, quando foi criada, a Lacerda fez pelo menos 39 contratos, num total de R$ 31,7 milhões recebidos. FONTE: Estado de São Paulo ? SP