Nesta Sexta-feira Santa, dia em que milhares de famílias cristãs do mundo inteiro relembram a morte de Jesus Cristo, no Brasil, outras milhares de famílias choram também a perda eterna de seus filhos. São mais de 30 mil jovens mortos de maneira violenta em nosso País a cada ano, a maior parte deles negros e de baixa escolaridade, de acordo com o Atlas da Violência 2017 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
Neste dia 30 de março também deveria ser celebrado o Dia Mundial da Juventude. Mas o que há para ser celebrado se, nesta mesma semana, no dia 25, cinco rapazes entre 16 e 20 anos - Sávio de Oliveira, Matheus Bittencourt, Marco Jhonata, Matheus Baraúna e Patrick da Silva Diniz, educadores ativos em sua comunidade em Maricá (RJ) - foram friamente executados por milicianos, em um crime que é reflexo da barbárie que pode tomar conta do Brasil caso as políticas de Estado mínimo continuem a ser implementadas por este governo ilegítimo?
Para a Secretaria de Jovens Trabalhadores(as) Rurais da CONTAG, este é um dia de prece, de reflexão e também de confirmação da necessidade de priorizar a juventude brasileira, pois seu presente e seu futuro estão sendo destruídos pelo descaso e pela violência.
No meio rural, a violência contra jovens também é uma triste realidade, assim como o crescente uso de álcool e drogas, e acidentes automotivos. Tudo isso é consequência da falta completa da ação do Estado: não há investimento em itens básicos como educação, saúde ou saneamento, geração de empregos e ainda menos em cultura, lazer, esportes, tecnologia.
Os jovens brasileiros, especialmente os que moram no campo, sofrem com o fechamento de escolas ou com suas estruturas precárias, sofrem com a falta de investimento nos professores, sofrem porque precisam deixar o lugar onde nasceram para buscar emprego e oportunidades. Quantos desses jovens passam a ter subempregos nas cidades, tendo que viver em condições precárias nas periferias, longe de seus pais e avós que ficaram no campo?
Este dia Mundial da Juventude é mais uma oportunidade para que os poderes públicos - e também o Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – compreendam que investir na juventude é garantir um presente e um futuro melhores para todos nós. Que o sacrifício de Cristo seja uma inspiração para que renasça em nós, jovens rurais, a esperança de contar com o reconhecimento e apoio da sociedade para que tenhamos oportunidade de viver e amadurecer com saúde e oportunidades de uma vida digna e de qualidade. FONTE: Assessoria de Jovens Trabalhadores(as) Rurais da CONTAG - Lívia Barreto