O último domingo, dia 10 de dezembro, foi dedicado a eventos relacionados à questões sobre Alimentação, Agricultura e Água na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28), que acontece em Dubai. O dia teve atividades que envolveram os mais diferentes setores interessados nessa pauta, entre eles movimentos e entidades sociais. A CONTAG estava lá, representando a agricultura familiar em todos os espaços e agendas.
O dia começou com o evento “Agricultores e produtores de alimentos tradicionais no centro da transformação dos sistemas alimentares”, que recebeu representantes de movimentos de pesca artesanal, pastoreio, agricultura familiar, camponesa e indígena, que puderam falar sobre suas iniciativas, e deixa uma mensagem de suas organizações. Um desses convidados foi o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Alberto Broch, que além da Confederação Nacional, representou o Fórum Rural Mundial (FRM), organização da qual é vice-presidente, e a Confederação de Organizações de Produtores Familiares do Mercosul Ampliado, a qual preside.
A mensagem de Alberto no palco resumiu o sentimento da agricultura familiar frente aos desafios climáticos da atualidade: “A transição para uma agricultura familiar agroecológica, orgânica e biodinâmica é urgente. As crises climáticas são cada vez mais frequentes, e nós agricultores sentimos os impactos todos os dias. As inundações, tornados e secas provocam perdas e escassez de alimentos. A justiça climática é necessária e urgente para atender as necessidades da agricultura familiar. Apoiem a agricultura familiar é tão importante, que até aqueles que não vivem dela, necessitam dela pra viver”.
Além das mensagens dos produtores e produtoras de alimentos, houve também um debate com várias organizações sobre os problemas e desafios encontrados hoje para mitigar os efeitos das mudanças climáticas nos campos, águas e florestas, onde vivem e trabalham todas essas pessoas. E outro momento para escutar a opinião de acadêmicos que estudam a pauta climática, que apresentaram algumas alternativas e ações que podem contribuir na melhoria da resiliência dos setores de produção de alimentos. Por fim, bancos internacionais e organizações financiadoras, como o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, abordaram a questão dos recursos e financiamentos para essas ações.
Em um segundo momento deste mesmo dia, a CONTAG, mais uma vez representada por seu vice-presidente, participou da primeira reunião da Iniciativa Alimentação e Agricultura para a Transformação Sustentável (FAST), que foi lançada durante a COP27. Esta iniciativa é multisetorial, inclui distintos países e tem como objetivo implementar ações que resultem na melhoria da quantidade e da qualidade das contribuições de financiamento climático para transformar a agricultura e os sistemas alimentares até 2030.
Neste espaço, frente a muitos ministros e outras autoridades governamentais internacionais envolvidos na FAST, Alberto reforçou a necessidade de financiamento. “Precisamos posicionar nossos agricultores e agricultoras familiares na tomada de decisões políticas. E facilitar o seu acesso aos fundos necessários para reforçar as suas capacidades de adaptação às alterações climáticas. A agricultura familiar produz 80% dos alimentos, mas recebe apenas 0,3% dos fundos públicos internacionais para o clima”, argumentou o dirigente.
CONTAG comunica em outros diálogos
Outros espaços trataram de temas semelhantes, mas com perspectivas mais centralizadas no Brasil, em atividades que aconteceram especialmente no Pavilhão Brasil, dentro da COP 28. A secretária de Meio Ambiente da CONTAG, Sandra Paula Bonetti, falou em representação dos agricultores e agricultoras familiares sobre temas de interesses para o desenvolvimento do setor.
Um desses debates ocorreu na sexta-feira, dia 8, e teve como tema “Destravando o desenvolvimento econômico a partir da regularização fundiária”. No dia 9, o foco foi na transição sustentável dos sistemas alimentares, em um diálogo promovido pela Coalizão Brasil: Clima, Florestas e Agricultura, que envolveu diferentes setores, entre bancos, organizações e ONGs.
Nesta segunda-feira, 11, Sandra levou a mensagem da CONTAG a dois outros eventos, focados no tema do financiamento: “Instrumentos Financeiros para a transição da Agropecuária”, e “15 anos do Fundo Amazônia, do qual participou também a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil”, Marina Silva.
Sobre todos esses encontros e diálogos sobre pautas climáticas essenciais, Sandra pontua: “A agricultura se tornou uma pauta real nas discussões de clima, sendo vista como uma aposta para o combate ao aquecimento global através da fixação de carbono da atmosfera que ocorre na produção de nesse contexto. Outro ponto importante é que a segurança alimentar também conversa diretamente com as questões climáticas, e quando falamos de segurança alimentar, a agenda da agricultura Familiar ganha força e centralidade”, reforçando assim a importância da CONTAG participar desses momentos de forte articulação política que acontecem na COP 28.
Fonte: Comunicação CONTAG - Gabriella Avila