Parlamentares da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados pedirão uma reunião com o Ministério da Fazenda, Guido Mantega, nos próximos dias. A iniciativa surgiu durante uma audiência pública na última terça-feira (4) sobre os entraves para a produção e a comercialização do leite e as causas da queda do preço do produto. Além dos deputados, também participaram do encontro desta semana representantes da cadeia produtiva e do governo federal.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil terá neste ano um excedente de 1,4 milhão de litros de leite. Com esses números, o País alcançou também a marca de sexto maior produtor mundial e o que mais cresce em produção.
Medidas emergenciais serão levadas ao Ministério da Fazenda, como a liberação de R$ 300 milhões para o Empréstimo do Governo Federal (EGF), de R$ 100 milhões para o PROP - contrato privado de opção e renda - e aumento dos recursos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) de R$ 15 mil para R$ 50 mil. "As exportações estão cada vez mais difíceis e o consumo interno não dá conta da produção. Nessa hora, o governo tem que ajudar, principalmente, os produtores familiares, que sofrem mais com a crise", afirma o presidente da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios, Paulo Bernardes. Segundo ele, o preço baixo e a sobra do produto já trouxeram um prejuízo de 20% ao setor.
O secretário de Política Agrícola da Contag, Antônio Rovaris, também fala que os agricultores familiares são os mais afetados. "A agricultura familiar é a que mais produz. Apesar disso, é também a que tem sofrido mais, pois os custos aumentaram e os preços achataram", completa o dirigente sindical.
Rovaris propõe a criação de incentivos fiscais para ajudar driblar o problema. Compara a proposta com o que é oferecido na Política Nacional de Produção de Biodiesel. "No leite também podemos pensar em algo para que nossas cooperativas busquem o fortalecimento junto à cadeia produtiva e deixem de ser apenas repassadoras de produto para a indústria Láctea", diz.
Os representantes do setor esperam agora a definição de uma data para audiência entre o Ministério da Fazenda e a comissão parlamentar. FONTE: Danielle Santos, Agência Contag de Notícias