O Brasil já perdeu US$ 2 bilhões por usar tecnologia ultrapassada na produção de algodão transgênico. A perda estimada para este ano pode chegar a US$ 87,7 milhões. O novo presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha, divulgou um estudo que mostra que o país está com, pelo menos, 10 anos de defasagem em relação aos concorrentes. Isso acontece porque o país demora demais para aprovar o uso de novas biotecnologias. No âmbito mundial a rentabilidade dos agricultores cresceu US$ 27 bilhões", afirmou Cunha, que tomou posse ontem. O ganho é explicado pela redução, por exemplo, do uso dos agrotóxicos e da utilização do óleo diesel.
Segundo Cunha, tecnologias mais avançadas reduzem o uso de agrotóxicos ? um dos principais custos do plantio, ao lado dos fertilizantes. A queda do investimento por hectare pode chegar, em média, a US$ 354. A diminuição das despesas é fundamental para que os preços não disparem no mercado interno, assim como está acontecendo no mercado internacional, argumentou Cunha.
De 2006 para cá, o preço do algodão apresentou uma elevação de cerca de 40%. Apesar da valorização, os produtores reclamam que todo o ganho está sendo consumido pela alta de 130% dos custos dos fertilizantes e pela defasagem cambial de 25% entre 2007 e 2008. Diante desse cenário, o ex-presidente da Abrapa João Carlos Jacobsen Rodrigues disse que a área plantada de algodão poderá cair cerca de 20% na safra 2008/2009. "Antes a margem de ganho do setor era de 10%. Agora esse número é negativo em 20%", afirmou.
Rodrigues ressaltou que os produtores estão registrando prejuízo para conseguir cumprir os contratos, fechados há três anos, e cuja entrega do produto está acontecendo neste ano. Ele destacou que é fundamental que o governo adote medidas como desoneração de impostos ? PIS/Cofins e ICMS ? e da folha de pagamento para que a indústria têxtil brasileira consiga reagir diante da forte concorrência dos produtos importados, por exemplo, da China. O ex-presidente ressaltou ainda que é preciso dar incentivos para que o país exporte produtos acabados, que têm maior valor agregado. O Brasil é o quarto maior exportador de algodão do mundo, perdendo para China, Índia e Estados Unidos. Neste ano, as exportações brasileiras devem somar US$ 140,614 milhões. FONTE: Correio Braziliense - 08/05/2008