“Temos hoje, no Brasil e no mundo, uma conjuntura marcada por uma transição, várias crises e, ao mesmo tempo, por oportunidades.” Com essa declaração, o diretor da ActionAid e ex-assessor da CONTAG, Adriano Campolina, iniciou a Conferência de Abertura do 11º Congresso da Contag: “Análise da conjuntura nacional e internacional e os desafios para o Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário – PADRSS”. Segundo ela, o neoliberalismo fracassou e, neste momento, existe para o Movimento Sindical Rural a oportunidade de ser influente, o que significa também um enorme desafio. “Agora”, provocou, “não podemos só resistir, temos que avançar, reconstruir e pensar um novo paradigma”.
Adriano disse que o Congresso ocorre num momento de transição política com uma grande necessidade da participação popular. Um momento em que, com o fracasso do neoliberalismo, não há ainda um novo modelo hegemônico consolidado. Segundo ele, essa ausência estaria gerando crises econômicas, ambientais, dos alimentos, dentre outras.
A história de luta do MSTTR mostra que foi construído no Brasil um processo de resistência que impediu a adoção total do receituário neoliberal e acumulou forças para uma nova etapa, onde o Estado e as políticas públicas voltam a ser valorizados. Nesse sentido, a Marcha das Margaridas e os Gritos da Terra foram citados por ele como exemplos de manutenção dessa capacidade de luta.“Vivemos uma globalização profunda , não há como separar o internacional do nacional. Por isso, a forma como o Brasil se coloca no globo é fundamental”, afirmou. “A disputa que fazemos por um modelo alternativo influencia externamente”, pontuou Adriano.
Uma preocupação apresentada, no entanto, foi a resistência da esquerda em apoiar esse projeto alternativo. Por isso, a responsabilidade do MSTTR é trazer de volta para o centro da agenda do Brasil questões como a reforma agrária e o combate à tomada de terras, que são centrais para a reprodução da agricultura familiar e camponesa. “Não podemos permitir que em um governo democrático e popular esses temas não tenham avançado. Acredito que o Movimento tenha capacidade de ir para as ruas, ir para as lutas e não apenas resistir”, analisou o conferencista.
A Conferência foi finalizada com a afirmação de que é necessária uma estratégia popular contra-hegemônica, combinando a consolidação social e econômica da agricultura familiar e demais identidades políticas; reconquista do apoio da sociedade a agenda de segurança alimentar e sustentabilidade; incidência no debate sobre inclusão social; influência sobre a politica externa e consolidação de uma rede de alianças e ação unitária para a disputa com o poder do agronegócio. FONTE: Imprensa CONTAG - Ana Célia Floriano