A Década da Agricultura Familiar, lançada pelas Nações Unidas (ONU), já vem sendo tema de debates internacionais nos últimos meses, como a Conferência Mundial da Agricultura Familiar e o Fórum Mundial Campesino. Em todos esses encontros, discutiram-se as metas e ações que farão parte do Plano de Ação da Década da Agricultura Familiar, que terá seu texto final apresentado oficialmente nesta quarta-feira, dia 29, na sede da FAO, em Roma.
Antes do lançamento oficial, estão sendo promovidas na FAO outras atividades de articulação em prol da Década, que começaram hoje, 27. Representações das redes mundiais da Agricultura Familiar, de governos de diversos países, de organizações da sociedade civil e de outros atores envolvidos e comprometidos com a Década já estão reunidas para dialogar sobre a realidade da agricultura familiar em todas as regiões do mundo e sobre as ações que serão implementadas para promover as transformações e melhorias que a Década pretende alcançar.
Neste primeiro dia, os trabalhos foram iniciados com uma apresentação de autoridades da FAO sobre o papel fundamental dos agricultores(as) familiares na segurança alimentar do mundo e no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Na sequência, representantes de organizações da sociedade civil, que abordaram principalmente o compromisso necessário, da parte de todos os envolvidos, para o êxito da Década.
Esse segundo painel contou com um discurso de Alberto Broch, representando o Fórum Rural Mundial, do qual é vice-presidente, e também a COPROFAM e a CONTAG, organizações do Mercosul e Brasil em que ele integra ambas Diretorias. Em sua fala, Broch trouxe dados e reflexões sobre a realidade do potencial da agricultura familiar para oferecer alimentos saudáveis para a sociedade mundial, mas as dificuldades encontradas em relação ao acesso à terra e recursos naturais, assim como a desigualdade social e a fome que persistem enquanto os agricultores encontram dificuldades para viver e trabalhar no campo.
Broch abordou quais os resultados práticos esperados pela Década para a agricultura familiar mundial, e foi incisivo na exigência de compromisso de todos: “A Década não deve ser apenas ‘uma saudação à bandeira’, e precisa ser usada para acabar de maneira definitiva com a fome nos territórios rurais”, disse, em um discurso muito elogiado ao final.
Na parte da tarde, o encontro contou com a visita da presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, Maria Fernanda Espinoza, que teve a Década aprovada durante o seu mandato. Acompanhada de autoridades da FAO, FIDA e do Comitê de Segurança Alimentar (CSA), ela falou das expectativas de concretizar verdadeiramente as ações da Década e como elas são importantes para o presente e o futuro do planeta.
Outras atividades que marcaram este primeiro dia foram os debates entre redes e organizações que falam a mesma língua, onde se falou das estratégias para lidar com questões fundamentais para o desenvolvimento da agricultura familiar, como políticas públicas de educação, saúde, acesso a terra e recursos naturais. A agenda segue amanhã com debates de questões mais técnicas para a implementação da Década.
FONTE: Correspondente da COPROFAM - Gabriella Avila