Os efeitos da crise econômica mundial parece não ter afetado muito os trabalhadores e trabalhadoras rurais do setor da fruticultura do Vale do São Francisco. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STTR) de Petrolina, que é um dos municípios que fazem parte da região, as demissões são comuns no fim do ano por causa do período da entressafra. Entre novembro e dezembro de 2008, foram demitidos 1.362 trabalhadores, o número é menor do que o registrado no ano de 2007, que chegou a 1.614 demissões.
Para conter o desemprego na área da fruticultura nesse período, o governo estadual quer implementar o programa Chapéu de Palha na região do Vale do São Francisco, que abrange os estados de Pernambuco e Bahia. Estão sendo feitas negociações com o governo federal para que funcione o programa.
"Atualmente, o programa já funciona na Zona da Mata pernambucana na época da entressafra. Como o Vale engloba também a região da Bahia, o governo estadual está se articulando para que contemple os dois estados", explica o diretor de Política Salarial da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), José Rodrigues.
Os diretores da Fetape acreditam que, caso a crise econômica continue, o setor da fruticultura pode ser mais afetado que a área sucroalcooleira na região nordeste, já que mais de 70% da produção de frutas é vendida para fora do País. "Mais da metade do que é plantado no Vale do São Francisco é comercializado no exterior. Por isso, pode ter impactos maiores do que no setor sucroalcooleiro", afirma Rodrigues.
De acordo com o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (SindiAçúcar), a exportação de álcool produzido no estado ainda não foi afetada pela crise mundial. Não foi registrada queda nas vendas.
Campanha salarial - Como o setor da fruticultura está em campanha, uma das principais reivindicações dos trabalhadores é a padronização salarial de R$ 558, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e a participação dos trabalhadores rurais nos lucros.
"A nossa expectativa é de que a classe empresarial apresente uma proposta favorável aos trabalhadores rurais. Acho que o trabalhador tem que ter participação nos lucros e ganhar horas extras que compense o seu esforço físico", afirma a secretária de Assalariados Rurais do STTR de Petrolina/PE, Maria Joelma da Silva.
Entre 28 e 30 de janeiro, representantes das federações de Pernambuco e Bahia e de Sindicatos da região do Vale São Francisco discutem a pauta de negociação com o setor patronal. O secretário de Assalariados Rurais da Contag, Antônio Lucas, também estará presente para fechar a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) em âmbito regional com vigência para 2009 e 2010. FONTE: Andréa Póvoas, Agência Contag de Notícias