Ana Cristina Oliveira | Sucursal Itabuna
Cerca de 300 pessoas, a maioria crianças, invadiram, na manhã desta segunda-feira, 22, a Prefeitura de Ibirapitanga, distante 471 km de Salvador. A invasão provocou a suspensão do expediente pela manhã. O grupo protestava contra a falta de atenção da prefeitura com o ensino fundamental na zona rural, especialmente na Escola Municipal Girassol, no Assentamento Paulo Jackson, situado próximo ao trevo de acesso à cidade e onde estudam mais de 60 crianças, numa casa improvisada.
Os sem-terra não encontraram o prefeito Eraldo Assunção, que estaria em Salvador. Uma das lideranças conseguiu falar com ele, por telefone, e combinaram que uma comissão iria analisar, hoje pela manhã, a pauta de reivindicações. Após o meio-dia, os manifestantes deixaram a prefeitura e voltaram para o clube, onde estavam reunidos desde domingo, numa mobilização nacional de sem-terrinha, em defesa de educação de qualidade no campo.
No grupo que invadiu a prefeitura, havia crianças de assentamentos e acampamentos do baixo sul e do sul do Estado. Todos se concentraram numa área ampla, que ficou apertada para tanta gente. O local era fechado, mal iluminado e fazia muito calor. O almoço foi servido de forma improvisada. Muitas crianças estavam sentadas com os pratos no chão, enquanto pessoas passavam de um lado para o outro.
Segundo o coordenador regional da Juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Ozéias Santos, as crianças participavam de uma mobilização nacional de sem-terrinha desde o último domingo, com jogos e teatro, no clube da cidade. Só nesta segunda, eles decidiram encerrar o encontro com a invasão da prefeitura.
O líder disse que as crianças não estavam sozinhas, porque mães e professoras acompanhavam o movimento. Como o prefeito não estava, a reportagem tentou falar com algum secretário municipal, mas ninguém foi encontrado. O expediente da prefeitura se encerra às 13 horas, mas por volta das 11h20 estavam no local apenas dois servidores.
As escolas dos assentamentos são ruins, mas a do Paulo Jackson está em condições precárias e só tem duas salas muito pequenas, para abrigar mais de 60 alunos, segundo Adia Ferreira da Silva, uma das duas professoras da escola. "Mal tem um quadro de giz, algumas cadeiras e o material didático básico", diz. Também falta merenda escolar. FONTE: A tarde Online - BA