Nas últimas três décadas os agricultores familiares buscam sua organização para constituir alternativas e permanecer na atividade. Formação de sindicatos e federações para fazer a luta política para reivindicar e acessar políticas públicas foi um dos meios de mobilização. Outra estratégia foi a criação de cooperativas de produção e de crédito para desenvolver suas propriedades.
A Cresol é uma das conquistas desta organização. Cerca de 50 mil agricultores familiares são sócios do Sistema Cresol Central, o qual é formado por 24 cooperativas de crédito rural no Rio Grande do Sul e outras 28 em Santa Catarina, além de 39 postos de atendimento cooperativo, abrangendo mais de 300 municípios. O número de associados cresce cerca de 20% ao ano. As Cresóis são constituídas e dirigidas pelos próprios agricultores. É este fator que dá confiança e atrai um número maior de associados a cada ano.
Tenho participado de vários desses momentos desde a fundação, balanço e prestação de contas em diferentes municípios gaúchos e vejo a confiança num sistema gerenciado por quem utiliza os recursos. Os agricultores sentem-se apoiados e querem tomar as decisões sobre algo que é seu.
E os números apresentados em cada encontro animam: o patrimônio líquido é de R$ 47 milhões; os recursos administrados giram em torno de R$ 358 milhões, dos quais, 53% são próprios. Em 2007, foram operados R$ 100 milhões em Pronaf Custeio e R$ 35 milhões em Investimento.
Além disso, a Cresol oferece conta-corrente, talão de cheques, depósito a prazo cooperativo (poupança), microcrédito. Mas também disponibiliza financiamentos rurais, empréstimos pessoais, seguros, consórcios e crédito habitacional para construção e reformas de moradias. Também promove a qualificação do associado, por meio de cursos, seminários e intercâmbios que permitem aperfeiçoar as técnicas agrícolas e conhecer as novas tecnologias.
Mesmo cumprindo as regras do Banco Central, a Cresol permite acesso fácil ao crédito mesmo para quem tem pouco capital. Os associados basicamente são agricultores familiares com pouca terra. Não teriam acesso a crédito em bancos tradicionais ou mesmo se sentiriam constrangidos diante de tantas garantias exigidas. Uma instituição que não assusta, porque tem o jeito e a cara do sócio.
Ao associar-se, o agricultor passa a ser correntista da Cresol e a ter direito a todos os serviços. Dispõe de seguro de vida, seguro residencial e seguro de veículo, todos com parcelas reduzidas.
Boa parte dos agricultores nunca tinham feito financiamento em banco até associarem-se a Cresol. Outra constatação importante são as baixas taxas de inadimplência, bem menores que a dos bancos comerciais.
O sistema Cresol é um instrumento de inclusão de agricultores familiares ao sistema financeiro, fortalece a categoria e melhora a qualidade de vida das famílias no meio rural. FONTE: ClicErechim ? RS