Maria Lima - O Globo
BRASÍLIA - O Senado está a um passo de derrubar o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, aprovado na Câmara na votação do projeto que legaliza as centrais sindicais. O lobby dos sindicalistas, que pressionam abertamente os senadores com o apoio do governo, tem conseguido convencer parlamentares governistas e de oposição.
Em miniassembléias realizadas nesta quarta-feira em gabinetes e auditórios do Senado, cerca de cem líderes sindicais, comandados pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, presidente da Força Sindical, pediram a derrubada das emendas que tornam a contribuição facultativa e permitem ao Tribunal de Contas da União (TCU) fiscalizar os sindicatos. Os sindicalistas esperam garantir o apoio do relator, senador Paulo Paim (PT-SP), durante o embate que acontecerá nesta quinta na audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS).
Depois da audiência, ainda haverá votação na CAS, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e no plenário do Senado. A previsão é que a votação seja concluída este mês. Centrais dizem que vão lotar auditório com 600 sindicalistas
Tucano quer imposto sindical opcional para classe patronal
O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) apresentou nesta quarta-feira uma emenda ao projeto de regulamentação das centrais sindicais em que amplia o fim da obrigatoriedade do imposto sindical para a classe patronal, e não apenas aos sindicatos de trabalhadores, como foi aprovado na Câmara. A medida deve causar instatisfação entre as confederações patronais, apesar de Flexa prometer que sua emenda não afeta a arrecadação do sistema S, além de desonerar as empresas.
- O setor sindical vai ter que mostrar serviço para convencer os trabalhadores a contribuírem voluntariamente. Só os sindicatos que realmente sáo atuantes em defesa dos trabalhadores vão se fortalecer. Hoje, somente 14% dos trabalhadores sáo sindicalizados , mas uma minoria, ou a maioria da minoria, é quem decide por eles. Essa representação é irreal - disse Flexa, que contou estar sofrendo pressão dos sindicatos.
Lupi escalou Medeiros para liderar lobby pelo imposto obrigatório
O deputado Augusto Carvalho (PPS-DF) foi o autor, na Câmara, da emeanda que torna o imsposto sindical opcional. A partir daí o que se vê é uma mobilização de sindicalistas pressionando o Congresso pela manutenção do imposto sindical obrigatório. As centrais sindicais estão usando o poderio que têm no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para fazer lobby.
Além dos ministros sindicalistas, elas têm como principal porta-voz na operação de derrubada do fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, que será votada no Senado, o ex-fundador da Força Sindical e ex-deputado Luiz Antônio de Medeiros, hoje secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho. Ele foi escalado pelo ministro da pasta, Carlos Lupi (PDT), para liderar o lobby e negociar com líderes partidários no Senado a manutenção do imposto sindical obrigatório. FONTE: Globo Online ? RJ