Embora afetado pela demora nas renegociações das dívidas rurais, o ritmo de desembolso do crédito rural empresarial aumentou 10,2% no primeiro trimestre do atual ano-safra 2007/08 em comparação a igual período do ciclo anterior. Até setembro, o volume de operações cresceu de 20,5% para 22,6% do total de crédito disponível, segundo dados do sistema bancário consolidados pelo Ministério da Agricultura. Foram emprestados R$ 13,12 bilhões dos R$ 58 bilhões destinados a médios e grandes produtores. No mesmo período da safra passada, haviam sido liberados R$ 10,25 bilhões.
O desempenho nas linhas para mini e pequenos produtores continua mais modesto que na safra anterior. Os desembolsos do Pronaf nestes primeiros três meses caíram de R$ 1,81 bilhão (19,3% do total) em 2006/07 para R$ 1,92 bilhão (15,1%) em 2007/08.
O início da atual safra foi marcado por reclamações pelo atraso nas liberações de novos crédito ao setor, sobretudo no Banco do Brasil. As estatísticas deixam claro o episódio. O ritmo de desembolso dos empréstimos lastreados na poupança rural, operada pelo BB, recuou 14%, e o volume de crédito caiu de R$ 1,65 bilhão para R$ 993 milhões (-40%). Ao mesmo tempo, os financiamentos da poupança com juros livres cresceram 34% em ritmo e 29% em volume.
O BB afirma que as dificuldades iniciais enfrentadas nesta safra já foram superadas com o fim das renegociações das dívidas. "Temos uma posição até ontem que mostra um crescimento de 15% nas operações com juros controlados. Os financiamento com juros livres foram, na maioria, para indústrias, e não para produtores", diz o diretor de Agronegócios do BB, José Carlos Vaz.
Também houve recuperação nos financiamentos com juros subsidiados pelo Tesouro (6,75% ao ano). Nas chamadas exigibilidades, parcela de 25% dos depósitos à vista com aplicação obrigatória pelos bancos no setor, o ritmo de desembolso cresceu de 27% para 32% do total disponível. A contratação de empréstimos pela classe média rural (Proger) subiu 120%, embora o desembolso efetivo tenha caído de 6% para 4%, isso porque o volume alocado à linha passou de R$ 700 milhões para R$ 2,2 bilhões.
Outro aspecto positivo das contratações para a nova safra foi o ressurgimento da demanda por crédito de investimento. Os financiamentos nas linhas gerenciadas pelo BNDES cresceram 27% no primeiro trimestre da safra, sobretudo para aquisição de máquinas agrícolas no Moderfrota (57%) e investimentos de cooperativas via Prodecoop (39%). Mas o programa de construção de armazéns (Moderinfra) recuou 52% e o Finame Agrícola, 46%. FONTE: Valor Econômico ? SP