Da equipe do Correio
Integrantes da base governista na CPI das ONGs discordam da linha de investigação que tem como alvo a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), ligada à Universidade de Brasília (UnB). Mergulhada em denúncias de irregularidades, a entidade entrou no foco dos partidos de oposição no Senado, mas os aliados do Palácio do Planalto querem evitar a apuração, diante dos desdobramentos que podem enrolar prefeituras administradas pelo PT.
A CPI agendou para hoje reunião com o objetivo de votar requerimentos de acesso a dados bancários nos últimos oito anos e de convocação de pessoas ligadas à entidade, incluindo o reitor da UnB, Timothy Mulholland. Até ontem à noite, governistas e oposição não haviam chegado a um acordo sobre a estratégia que será adotada pela comissão. Há requerimentos que propõem a devassa financeira em 10 fundações, entre elas a Finatec e Fundação Universitária de Brasília (Fubra).
Para o petista Sibá Machado (AC), os pedidos apresentados pelo DEM e pelo PSDB são "requerimentos malucos". "Apenas criam confusão", afirmou o senador do Acre, opositor da idéia de se investigar as fundações. "Na falta de algo mais consistente, querem atirar para todos os lados sob o risco de atingir que não deve nada", acrescentou. Sibá acha que a CPI deve continuar a ouvir representantes do setor e, somente depois, realizar cruzamentos com informações das prestação de contas repassadas por órgãos fiscalizadores, como a Controladoria-Geral da União (CGU).
O governista Inácio Arruda (PCdoB-CE), relator da CPI, é mais sutil ao argumentar que a linha de investigação das fundações encampada pela oposição não se encaixa na proposta de trabalho da comissão. "(Investigar as fundações) não é totalmente fora de propósito, mas no início discutimos essa possibilidade e entendemos que o assunto ficaria de fora", explicou.
Carona
A CPI fez a última reunião em novembro e, desde então, tem patinado ao tentar avançar nas investigações por falta de consenso sobre as entidades que devem ser alvo da investigação diante da proximidade com políticos. Numa tentativa de tentar tirá-la do marasmo, o presidente da comissão, senador Raimundo Colombo (DEM-SC), decidiu apostar nas fundações ligadas a universidades federais, pegando carona nas suspeitas de irregularidade que pesam contra Finatec.
No caso da Finatec, que pagou R$ 389 mil por mobília de luxo para o apartamento funcional do reitor Timothy Mulholland, pesa agora a suspeita de que ela tenha sido usada como entidade de fachada por empresas de consultoria para fechar contratos com órgãos públicos sem licitação. A irregularidade foi assunto de reportagem publicada na última edição da revista Época e envolveria mais de R$ 23 milhões de recursos públicos de prefeituras administradas pelo PT, incluindo a gestão da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, atualmente no Ministério do Turismo.
"Por que não investigar as fundações? Não houve acordo para deixá-las de fora", questionou Heráclito Fortes (DEM-PI). Disponível na CPI, o plano de trabalho da comissão não traz qualquer informação sobre excluir as fundações. O documento diz apenas que não serão abrangidos pela CPI "o repasse de recursos estaduais, do Distrito Federal ou de municípios para ONGs; e o funcionamento e a aplicação dos recursos dos fundos orçamentários (Fundo Nacional de Saúde, por exemplo), exceto no que se refere à destinação a entidades privadas sem fins lucrativos". FONTE: Correio Braziliense ? DF