O terceiro dia da COP 16 foi marcado pelo debate sobre a consolidação do fundo de adaptação às mudanças climáticas com o aporte de recursos pelos países industrializados. Esse tema começou a ser discutido ainda na Conferência de Copenhague. A expectativa é mobilizar 100 bilhões de dólares por ano até 2020 para financiar projetos de mitigação dos efeitos das mudanças de clima, especialmente nos países pobres. Os países menos desenvolvidos estão fazendo uma série de críticas pelo fato de que os países ricos ainda não deram sinais concretos de que aceitam aportar recursos para esse fundo. No ano passado, os Estados Unidos acenaram com a possibilidade de investir 1,7 bilhão de dólares neste ano. A União Européia também assumiu o compromisso de doar mais 7,2 bilhões de euros nos próximos três anos para financiar projetos de adaptação às mudanças climáticas e de redução das emissões. Porém, essas manifestações não saíram do papel até o momento. A União Européia confirmou a liberação de 2,2 bilhões de euros. No entanto, 47,9% é de fato doação, o restante financiamento. A pressão por investimento dos países que apresentam situações mais críticas pode criar dificuldades ao Brasil em captar recursos, em virtude de possuir maiores possibilidades socioeconômicas. Agricultura e meio ambiente – A secretária de Meio Ambiente, Rosicleia dos Santos, constata que os temas relacionados com a agricultura, meio ambiente e mudanças climáticas não têm pautado os debates na COP 16. “Apenas cinco de 243 estudos que serão apresentados durante a conferência tratam dessa relação”, lamenta. Um deles é de autoria da Universidade de Cornell (EUA) e enfatiza a capacidade de reter carbono no solo pelas explorações agrícolas, quando se adota práticas conservacionistas adequadas. Sem essa abordagem se torna difícil criar as bases para repensar o modelo da agricultura vigente que consome muitos insumos. A dirigente da Contag considera que a adoção dessas práticas pode ser um dos elementos auxiliares para descarbonizar as cadeias de produção. “Essa discussão incipiente nos leva a pensar que ainda existe um grande caminho a ser percorrido”, avalia Rosy. FONTE: Eliziário Toledo, assessor da Contag, de Cancun.