08/02/2008
O fortalecimento do real em comparação com o dólar, que desestimula as exportações, não impediu que as cooperativas brasileiras ampliassem suas vendas ao exterior em 2007. Os embarques somaram US$ 3,3 bilhões no ano passado, volume quase 18% maior que os US$ 2,8 bilhões registrados em 2007.
O setor sucroalcooleiro, com 32% do total, permaneceu como carro-chefe das exportações, segundo o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas. O complexo soja representou 26% e as carnes, que haviam respondido por 12% do volume de embarques em 2006, passaram no ano passado a 17%.
A crescente demanda externa explica o aumento das exportações do setor mesmo sob câmbio desfavorável, avalia Freitas, que cita Guimarães Rosa para ilustrar o movimento. "Sapo não pula por boniteza, mas por precisão", diz. Ele credita o aumento também ao fortalecimento dos programas de qualificação do setor. Para 2008, o orçamento dos programas é de R$ 60 milhões.
As exportações, ainda que crescentes, mantêm-se com uma fatia em torno de 6% do total do faturamento do setor. A estimativa da OCB é que a receita total das cooperativas tenha crescido de 10% a 12%, para cerca de R$ 100 bilhões. Os dados, prévios, deverão ser ratificados na próxima semana, quando a entidade pretende finalizar a apuração.
Países Baixos (onde fica o importante porto de Roterdã), China e Alemanha, respectivamente com 10,7%, 8,8% e 8,2%, foram os principais destinos das exportações das cooperativas brasileiras. "Para este ano, queremos manter o ritmo (dos embarques), mas com crescimento de valor agregado, e não simplesmente com aumento de volumes", diz Freitas. Ásia, e não apenas a China, é "um belíssimo alvo" para o setor, avalia o presidente. A África, com crescente demanda por alimentos e serviços, também pode ganhar terreno, segundo ele.
O cenário de alta dos preços das commodities agrícolas tende a favorecer o agronegócio em geral e as cooperativas em particular, avalia Freitas. Com os sinais crescentes de recessão na economia americana, as commodities agrícolas ganham espaço como ferramenta de "hedge" (proteção) para os investidores. "Ou ele (investidor) vai para o ouro ou para as commodities com um lastro bom, como as agrícolas".
O embargo da União Européia à carne bovina exportada pelo Brasil deverá ter impacto apenas marginal para as vendas das cooperativas ao exterior, segundo o dirigente. Os embarques de carne feitos pelo setor concentram-se em frango e suínos. "Carne bovina é muito pouca", afirma. FONTE: Valor Econômico ? SP