Setembro é o mês em que o Brasil e o mundo se unem para falar de um tema que precisa deixar de ser tabu: a saúde mental.
A campanha Setembro Amarelo chama atenção para a prevenção do suicídio e para a importância de acolher, escutar e apoiar quem sofre em silêncio. Para a CONTAG, que representa milhões de trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares do campo, da floresta e das águas, falar sobre saúde mental é também lutar por direitos, dignidade e por políticas públicas que garanta o acesso a tratamentos especializados de saúde mental pelo SUS.
Um desafio que cresce no Brasil e no mundo
O Brasil atravessa uma onda preocupante e silenciosa de adoecimento psíquico. De acordo com dados recentes, os afastamentos do trabalho por transtornos mentais cresceram mais de 130% em apenas dois anos, revelando um quadro de sofrimento que não pode ser ignorado. Ansiedade, depressão e estresse estão entre os principais fatores relatados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lembra que “a saúde mental é parte fundamental da saúde integral, e que ambientes de vida e de trabalho que promovem apoio social, equilíbrio de carga e acolhimento são fundamentais para prevenir adoecimentos”.
Já a Organização Internacional do Trabalho (OIT) reforça que garantir condições dignas de vida e de trabalho, com proteção social, é também uma forma de prevenir adoecimentos e salvar vidas.
Outro dado alarmante divulgado pela OMS é que pessoas com transtornos mentais graves chegam a viver 10 a 20 anos a menos do que a população em geral, em grande parte devido a doenças físicas que poderiam ser evitadas se houvesse mais acesso a cuidados integrais de saúde.
A importância de acolher e ouvir
No campo, na floresta e nas águas, a realidade impõe desafios ainda maiores, muitas vezes causados pela falta de acesso à programas e serviços de saúde especializados, incluindo a atenção psicossocial, tão necessária nesses casos. Por isso, falar sobre saúde mental significa criar espaços de convivência e redes de apoio, oferecer escuta ativa e não tratar o sofrimento como fraqueza, mas como parte da vida que precisa ser cuidada.
Assim, sindicatos, federações e organizações de base podem ser espaços de acolhimento, de partilha e de construção de estratégias coletivas para enfrentar esse problema.
Quando procurar ajuda
É hora de buscar apoio profissional quando os sintomas de ansiedade, tristeza profunda ou estresse persistirem por mais de duas semanas e começarem a interferir nas atividades do dia a dia, nos relacionamentos ou no trabalho.
O tratamento pode envolver psicoterapia, medicação ou ambos, sempre com acompanhamento de profissionais de saúde. Uma abordagem que reúna médicos, psicólogos e outros especialistas aumenta muito as chances de recuperação e de melhora na qualidade de vida.
O Setembro Amarelo existe para desmistificar os transtornos mentais e incentivar a busca por tratamento. Cuidar da mente não é luxo nem fraqueza, é necessidade básica onde todas e todos precisam ter acesso.
Onde buscar ajuda
CAPS e Unidades Básicas de saúde: procure o posto de saúde mais próximo ou os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS).
O SUS oferece uma Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)integrando diferentes níveis de atendimento e ofertando suporte em território.
Sindicatos e federações: podem ser redes de apoio coletivo, lugar de escuta, acolhimento e ajuda para acessar serviços.
CVV – Centro de Valorização da Vida:
O CVV realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias.
A ligação para o CVV em parceria com o SUS, por meio do número 188, são gratuitas a partir de qualquer linha telefônica fixa ou celular.
Conversar pode mudar vidas
Neste Setembro Amarelo, reafirmamos: é preciso romper o silêncio, acolher, conversar, construir redes de apoio e exigir políticas que cheguem à base. Cada vida importa, saúde mental é direito e precisa ser tratada como prioridade.
Por Larissa Delfante - Assessora da CONTAG