Ricardo Galhardo - O Globo
RIO - Criado na década de 40 para alavancar o então imberbe movimento sindical brasileiro, o imposto sindical obrigatório hoje ajuda a manter mordomias de dirigentes sindicais. Enquanto trabalhadores mal remunerados, como peões da construção civil e padeiros, são obrigados a pagar um dia de salário por ano aos sindicatos, dirigentes das entidades empregam parentes, andam em carros importados, viajam em helicópteros e aviões particulares e moram em casas suntuosas.
No dia 19, a Câmara aprovou uma emenda ao projeto de lei 1990/07, que regulamenta as centrais sindicais, acabando com a obrigatoriedade do imposto. A decisão provocou rebuliço no meio sindical, ameaçado de perder R$ 490 milhões ao ano e, com o apoio do governo, as centrais pressionam o Senado para derrubar a emenda.
Entronizado há 18 anos no Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil Pesada, que representa peões de obra, Antonio Bekeredjian, o Toninho, leva uma vida de rico. Ele costuma chegar ao trabalho a bordo de um Mercedes-Benz. Em seu nome estão registrados telefones em diversos imóveis luxuosos. Um deles fica no Condomínio Velden Village, em Campos do Jordão, destino dos milionários paulistanos nas temporadas de inverno.
Outro exemplo é Almir Macedo Pereira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte de Carga Própria de São Paulo, que representa parte dos caminhoneiros. Almir está construindo uma casa na Serra da Cantareira, Zona Norte de São Paulo, reduto de endinheirados paulistanos em busca de sossego e natureza. Localizada numa encosta da serra, em meio à mata nativa, a casa de três pavimentos e piscina vale pelo menos R$ 300 mil, segundo imobiliárias da região.
No Sindicato dos Padeiros de São Paulo, o presidente Francisco Pereira de Sousa compartilha o gosto por carros blindados e contratação de parentes. Ele roda a cidade em um Golf prateado, equipado com aparelho de DVD no banco traseiro e pilotado por um sobrinho, Eduardo. FONTE: Globo Online ? RJ