JOÃO NAVES - Agencia Estado
CAMPO GRANDE - Um grupo de cerca de 200 sem-terra ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) bloqueou hoje a BR-262, nas proximidades da ponte sobre o Rio Paraguai, impedindo até o trânsito de ciclistas. A ação foi um protesto contra a falta de água potável nos assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Corumbá, Pantanal de Mato Grosso do Sul. Os manifestantes são parte das 292 famílias assentadas pelo órgão na Fazenda São Gabriel, comprada em 2003 para solucionar uma série de conflitos agrários que ocorriam entre sem-terra e fazendeiros do município.
Os assentados afirmam estar sem água potável há 15 dias, e só vão liberar a estrada quando o problema for resolvido pelo instituto. O superintendente do Incra, Luís Carlos Bonelli, alega que "os sem-terra precisam administrar suas glebas com os créditos que recebem do governo federal". Ele explicou que o assentamento possui dois poços artesianos, um que produz 48 mil litros por dia e outro, 7 mil litros ao dia. Ambos, segundo o superintendente, estão com as bombas de sucção queimadas. "Quando entregamos o imóvel para os sem-terra, tudo funcionava perfeitamente".
Bonelli explicou que é quase impossível conseguir água do subsolo em Corumbá em condições para o consumo humano porque normalmente o líquido sai dos poços com gosto muito forte. "(A água) é salobra. Isso acontece em todos os seis assentamentos". "Os assentados do São Gabriel não estão assumindo o papel de assentados do Incra, conforme prometeram. Eles têm que se organizar, criar um fundo de reserva para imprevistos como este. O Incra não pode ficar consertando bomba de poço e outros problemas do gênero", avalia.
Hoje, um funcionário foi enviado de Campo Grande para Corumbá com o propósito de dividir entre os assentados as despesas de consertos das bombas. A conta foi feita e o rateio é de R$ 25,00 para cada uma das famílias do local. FONTE: Estadão Online ? SP