Apesar de reconhecer os avanços nas relações de trabalho no setor sucroalcooleiro, após o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na cana-de-açúcar e que resultou na outorga pelo Governo Federal do Selo Social de Empresa Compromissada para as usinas que cumprem os termos do acordo, a CONTAG entende que ainda há problemas no setor e a necessidade de discutir outros temas. Para Antonio Lucas, é inquestionável que as condições de trabalho melhoraram no campo, mas segundo ele é preciso ter consciência de que “este selo não esgota a nossa missão, nem significa que as empresas contempladas estão livres do controle e da fiscalização do Estado e do Movimento Sindical. Pelo contrário, isso aumenta nossa responsabilidade”.
Para a CONTAG, a mesa de diálogo ainda precisa discutir temas importantíssimos para os trabalhadores, como alimentação gratuita nos ambientes de trabalho, organização sindical no local de trabalho e a construção de uma transição no processo de mecanização e substituição de mão-de-obra. “São 80 mil postos de trabalho que deixaram de existir no setor canavieiro pela falta de planejamento, políticas públicas e alternativas para reinserção produtiva dos assalariados”, contabiliza Lucas. Ele fala também sobre a falta de escolaridade e de qualificação dos trabalhadores. “Não adianta o governo criar postos ou frentes de trabalho em outras atividades econômicas. É preciso um processo de qualificação que os torne aptos a competir no mercado, através da alfabetização, elevação da escolaridade, qualificação, requalificação e reinserção produtiva”.
Durante a cerimônia de entrega do selo de boas práticas a empresas do setor sucroalcooleiro, a presidenta Dilma declarou que acredita “que o Brasil está agora sendo chamado, no caso etanol, a dar outro passo, que é a ampliação dos níveis de investimento. Esse vai ser o nosso próximo momento”. Entretanto, a CONTAG entende que o Compromisso Nacional não resolveu problemas graves vivenciados pelos trabalhadores e cobra que antes que seja investido mais dinheiro no setor, o Governo Federal possa cumprir as obrigações por ele assumidas no Compromisso Nacional, tendo em vista que até hoje não foram criados ou executados programas de alfabetização, elevação da escolaridade, qualificação, requalificação e reinserção produtiva dos trabalhadores. Para Lucas “não se pode investir mais dinheiro no setor sem que o governo invista os direitos dos trabalhadores”. FONTE: Imprensa CONTAG