A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) e a Federação Nacional dos Trabalhadores na Agroindústria na Itália (FLAI) estão em processo de aproximação, de conhecer as experiências e firmar parcerias. E, nesta semana, nos dias 10 a 12 de dezembro de 2018, o presidente da CONTAG, Aristides Santos, e o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais, Alberto Broch, representam a entidade no 7º Congresso da FLAI/CGIL, em Roma, na Itália, que tem como lema “A Lavoura é progresso, civilidade e justiça”.
A Federação Nacional dos Trabalhadores na Agroindústria na Itália (FLAI) é responsável pela representação dos agricultores e agricultoras familiares italianos, e é filiada à central sindical CGIL.
Neste congresso, que reúne mais de 600 delegados e delegadas de base, com uma grande delegação internacional de 15 países, dos diversos segmentos da cadeia da alimentação, além de eleger a nova Direção da FLAI, estão sendo discutidas as principais diretrizes do setor para os próximos anos, como a vida e a organização dos empregados rurais e dos pequenos e médios produtores rurais, sobre o trabalho no campo e na agroindústria e sobre toda a cadeia da alimentação. “A Itália também está com um governo de direita, homofóbico, contra os imigrantes e sendo que grande parte dos trabalhadores agrícolas na Itália são imigrantes. Então, o Congresso está oportunizando um debate muito interessante, com uma troca de experiências também com as organizações de outros países que foram convidadas”, explica Alberto Broch.
A atual secretária geral da FLAI, Ivana Galli (cargo equivalente a presidente), deverá ser reeleita para o cargo. A secretária geral da CGIL, Susanna Camusso, também esteve presente na abertura do Congresso, que contou com a presença de muitas autoridades do movimento sindical italiano e europeu. Segundo Broch, a CONTAG e a FLAI começaram a se aproximar principalmente pela relação via UITA – entidade que a CONTAG é filiada internacionalmente, e pela história de luta que une a CONTAG e a FLAI e que a cada dia está sendo estreitada visando parcerias internacionais para avançar na organização sindical dos agricultores e agricultoras familiares nos dois países. “Também está sendo um momento estratégico de articulação entre a CONTAG e dezenas de organizações europeias e de todo o mundo.”
Nesta terça-feira (11), pela parte da manhã, o presidente da CONTAG, Aristides Santos, fez uma fala em nome de toda Diretoria e do Sistema Confederativo CONTAG, ou seja, representando as organizações brasileiras, destacando o trabalho desenvolvido pelo movimento sindical rural no Brasil e números da agricultura familiar brasileira.
Aristides apresentou que a agricultura familiar brasileira, sozinha, representa o oitavo maior produtor de alimentos do planeta, segundo dados do Banco Mundial e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2018) apurado pelo portal Governo do Brasil, com faturamento anual de US$ 55,2 bilhões. Além disso, é também a principal responsável pela preservação da cultura rural, considerando suas diferentes formas de produzir e viver.
A agricultura familiar produz cerca de 80% dos alimentos consumidos e preserva 75% dos recursos agrícolas do planeta, segundo dados do Relatório da ONU (O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo, 2018).
“Neste sentido, a agricultura familiar tem uma importância inquestionável no abastecimento interno do Brasil e na geração de trabalho e renda para as famílias que produzem e durante mais de uma década, com os governos do presidente Luís Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma, cuja opção pelos mais vulneráveis foi a marca de suas gestões, investindo em programas que acessassem os mais pobres aos bens e serviços, estimulando a participação e fortalecendo a democracia para todos”, avaliou o presidente da CONTAG.
Aristides também falou da atual conjuntura política e econômica do Brasil. “O momento de retrocesso político em que vive o nosso querido País atualmente acaba com a maior parte das políticas conquistadas com muita luta pela população mais pobre do Brasil, levando os agricultores familiares, os trabalhadores sem terra, os índios, os quilombolas, os negros, os jovens e as mulheres, ao maior retrocesso de todos os tempos, com o incentivo massificado da violência contra as minorias e a disseminação do medo e do pânico exacerbado pelas ameaças feitas aos líderes sindicais e sociais que se insurgem contra o governo eleito, que se elegeu com um discurso anticorrupção, mas mergulhado nela conforme amplamente noticiado na mídia local no Brasil”.
Também aproveitou para reforçar a denúncia sobre a retirada de direitos da classe trabalhadora e a perspectiva de mais retrocessos no futuro governo. “Foi aprovada a Emenda Constitucional nº 95/2016, que congelou os gastos primários com saúde, educação e programas sociais por 20 anos, além de fazer a ‘reforma trabalhista’ que aumentou a informalidade, precarizou direitos e impactou negativamente na arrecadação da previdência social e não melhorou em nada o índice de desemprego, o qual atinge atualmente 14 milhões de pessoas.” Aristides completou que os desafios continuarão com o futuro governo. “Acompanhamos com muita preocupação as perseguições aos movimentos sociais e sindicais definidos pelo governo eleito como sustentáculos a insurgência a ordem que tentarão impor. Entendemos que sem a cooperação e a solidariedade internacional não temos como nos manter fortes e organizados. É fundamental nos apoiarmos na grande voz que ecoa no mundo inteiro em defesa dos excluídos: do Teto, Terra e Trabalho, como diz o Papa Francisco”, ressaltou Aristides Santos. FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi