Nesta última semana a cidade de Buenos Aires, capital da Argentina, recebeu a CONTAG e outras várias organizações de agricultores e agricultoras familiares de todos os países que fazem parte do MERCOSUL, para a 30ª sessão da Reunião Especializada da Agricultura Familiar (REAF), que está completando 15 anos de existência. A REAF é um espaço político muito importante no MERCOSUL, pois conta com a participação de governos, universidades e organizações da sociedade civil para debaterem as demandas da agricultura familiar da região. A CONTAG foi representada pelo seu vicepresidente e secretário de Relações Internacionais, Alberto Broch. O governo do Brasil participou através da equipe da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Neste momento de intercâmbios e discussão da REAF, as organizações tem a oportunidade de dialogarem diretamente com os governos sobre as políticas públicas que precisam ser implementadas em seus países para que haja mais desenvolvimento econômico e social no setor da agricultura familiar. Esta edição da REAF, em especial, foi marcada pela temática da Década da Agricultura Familiar, agenda recentemente pela lançada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) que convida todos os continentes a se engajarem em ações que impulsionem a agricultura familiar. A Década tem como documento base um Plano Global de Ação, que contém sete pilares fundamentais a serem trabalhados nos próximos 10 anos para que se alcance a meta principal: ter uma agricultura familiar mais fortalecida em todo o mundo. Este plano foi tema do primeiro debate entre as organizações de agricultores presentes que abriu a semana das atividades, e também marcou os trabalhos de grupo dessa sessão da REAF. Experiências de cooperativismo Um dos temas constantes na REAF é o acesso da agricultura familiar aos mercados, e nesse sentido, houve um momento de apresentação de experiências que contemplem políticas que facilitem esse acesso. Experiências exitosas com Cooperativismo no Brasil, Chile, Equador e Argentina foram mostradas. A do Brasil foi a da Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativistas Grande Sertão, de Montes Claros, Minas Gerais, que trabalha desde 2003 com a produção e beneficiamento de frutos típicos do cerrado, como buriti, pequi, murici, entre muitos outros. Com programas de incentivo, como o investimento proporcionado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), a cooperativa tem hoje mais de 50 agricultores associados, e gera renda para cerca de 2 mil famílias de comunidades do norte de Minas. Políticas públicas nos últimos 15 anos Outra atividade da REAF foi a apresentação dos sete estudos feitos pela Confederação de Organizações de Produtores Familiares do MERCOSUL (COPROFAM), da qual a CONTAG faz parte, sobre a evolução das políticas públicas para a agricultura familiar nos últimos 15 anos. O Brasil teve um total de 23 políticas, algumas das quais ainda vigentes. Neste momento da reunião, a CONTAG fez uma breve análise dos resultados da pesquisa brasileira, e pautou o governo sobre os programas que precisam ser aperfeiçoados a partir da perspectiva mostrada nesse estudo. Brasil na presidência da REAF Ao final do evento, o Brasil recebeu da Argentina a nova presidência protempore da REAF, e ficará responsável pela organização da próxima sessão regional. Sobre as perspectivas para essa nova gestão, o diretor do Departamento de Cooperativismo e Acesso a Mercados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Márcio Madalena, que recebeu a presidência, afirmou: “É nosso objetivo realizar uma REAF diferenciada, pois estamos vivendo um momento que a agricultura familiar deve ser mostrada ao mundo com outro perfil. Quero fazer um acordo para, que de agora em diante, ao invés de dizermos “pequenos produtores”, ao se referir aos agricultores familiares, digamos “proprietários de pequenas áreas que são grandes produtores”. Atualmente a REAF passa por um momento complicado, devido à finalização do fundo de investimento que a patrocina, o que torna a realização desta sessão e das futuras mais desafiadora. Sobre isso, Alberto Broch afirma que a CONTAG e as organizações parceiras seguem empenhadas para sua manutenção. “A REAF passa por uma crise, e nós queremos que ela continue, pois é fundamental para a nossa luta. Para isso, nós enquanto organizações da sociedade civil, estamos dispostos a ajudar a encontrar caminhos para outra forma de financiamento e para redimensiona seu papel, para que ela possa continuar nessa nova conjuntura. O importante é não perder esse espaço de diálogo político regional que é muito reconhecido em todos os lugares do mundo”, afirmou Broch. Marcha das Margaridas A CONTAG levou a campanha da Marcha das Margaridas para divulgação no espaço da REAF, e também para convidar a todas e todos para se juntarem e essa mobilização das trabalhadoras rurais do Brasil. A assessora da secretaria de Políticas para Mulheres da CONTAG, Érica Galindo, levou rifas da campanha de arrecadação de recursos para vender ao longo da semana, e usou o espaço da Plenária final da REAF para falar sobre a Marcha, apoiada pela companheira Florinda Silva, coordenadora de Políticas para Mulheres da COPROFAM, que é uma organização parceira da Marcha. FONTE: Gabriella Avila - Correspondente de Comunicação de COPROFAM
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