De 30 de janeiro a 05 de fevereiro de 2022 acontece a jornada em defesa do rio Tocantins. A atividade percorrerá por onze municípios da região Tocantina (Barcarena, Abaetetuba, Limoeiro do Ajuru, Igarapé Miri, Cametá, Mocajuba, Baião, Tucuruí, Marabá e Itupiranga) que tem em comum um majestoso rio cruzando a todos eles. Objetivo da caravana é mobilizar as comunidades da região, denunciar os problemas socioambientais que todos irão sofrer, ouvir os povos, trocar experiências e realizar ações de solidariedade.
Recentemente, o jornal Valor Econômico publicou uma reportagem em que confirma a intenção do governo federal em acelerar as licenças ambientais para a construção da hidrovia Araguaia Tocantins no Pará. O projeto, pretende implodir o pedral do Lourenço, uma pedra milenar gigante, por três anos. E logo depois, fazer a dragagem do rio com o fim de torná-lo navegável para o transporte de soja e minério em grandes barcaças.
A caravana em defesa do rio Tocantins, é uma iniciativa de dezenas de comunidades, junto com a Cut Brasil, Cut Pará, Fetagri-PA, CONTAG, Mab, Solidary Center, diocese de Cametá, Ufpa, Comissão Pastoral da Terra e movimentos sociais contra essa obra que destruirá o rio e o modo de vida todos e todas que vivem na região.
Carmen Foto, secretária Geral da CUT Brasil lembra o quanto a comunidade foi protagonista em outras lutas conjuntas e o quanto é importante agora juntar todo mundo novamente "a gente quer somar mais gente, que sonha, que acredita que é possível, enfrentar esse sistema capitalista que destrói a vida dos pescadores, dos quilombolas, dos ribeirinhos, dos agricultores e agricultores. O Rio é parte da nossa vida e a Amazônia é cada um de nós. Não vamos deixar destruírem a nós nem a Amazônia."
Carlos Augusto Santos Silva, Secretário de Formação da CONTAG, é categórico "Para nós da CONTAG, participar desta caravana é muito significante. A luta pela reforma agrária, pelas questões ambientais está fecundada na trajetória histórica dessa região, principalmente aqui, que já foi impactada pela construção da hidrelétrica de Tucuruí, pela pecuária extensiva e mineração que derruba toda a floresta em nome dos interesses econômicos do grande capital, deixando apenas os prejuízos, sociais, econômicos e culturais para a população local. Essa caravana é para questionar esse modelo de desenvolvimento," relembra Guto.
Com a construção da hidrelétrica, comunidades ribeirinhas inteiras desapareceram. A exemplo da comunidade de Jatobau. Aquela época da ditadura militar, não havia legislação ambiental, o que impossibilita até de calcular o tamanho da devastação ambiental.
Quais os próximos passos da caravana, Guto?
"Será a nossa capacidade de resistência que impedirá essa obra. É fundamental que tenhamos uma posição clara.
A Caravana é isso, um processo que vai criando onda, se desenvolvendo, crescendo, acumulando energia e ganhando força.
A continuidade dela é a soma de tudo isso, fóruns, reuniões, encontros, audiências públicas e etc. É preciso denunciar também no Fórum Social Panamazônico, se fortalecendo enquanto pauta, fazendo a disputa de narrativas e de projetos para fazer as mudanças necessárias que o país precisa."
FONTE: Comunicação Fetagri-PA e CUT-PA - Bruno Leão