Acaba de terminar a sétima edição do Fórum Mundial Campesino (FMC), encontro que reuniu dezenas de organizações da agricultura familiar de distintos continentes na sede do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola das Nações Unidas (FIDA), em Roma. Esteve em debate nos sete dias de evento as prioridades da agricultura familiar nas diversas regiões do planeta e como o FIDA pode contribuir, por meio dos programas que financia junto aos governos dos países, para atender essas prioridades e possibilitar mais condições de trabalho digno e geração de renda para os pequenos produtores rurais. A CONTAG esteve presente neste evento, representada pelo seu secretário de Relações Internacionais, Alberto Broch, e como parte da delegação da COPROFAM, da qual é afiliada.
Os projetos financiados pelo FIDA em geral são promovidos nos países em parceria com seus governos, e o FMC aconteceu em um momento estratégico, pois logo após a última atividade prevista na programação do Fórum, se iniciou o Conselho de Governadores do FIDA. Os temas e tópicos debatidos pelas organizações ao longo do FMC foram compilados em um documento, chamado Declaração do Fórum Campesino de 2020 no Conselho de Governadores do FIDA, que será apresentado em forma de recomendações do FIDA para seus governos participantes desta agenda política.
A CONTAG, junto às demais organizações da COPROFAM, buscou contribuir ao máximo com os pontos apresentados nessa Declaração, e levou muitas propostas que também foram reiteradas por outras organizações da América Latina. Entre as demandas levadas pela Confederação, estava a abertura do FIDA para maior envolvimento direto das organizações nos projetos do Fundo, e que os futuros projetos priorizem os temas mais pertinentes para o futuro e resiliência da agricultura familiar como atividade fundamental para a soberania e segurança alimentar dos povos, temas esses que foram contemplados neste documento final.
A Declaração do Fórum Campesino
O conteúdo da Declaração se deu a partir de todos os debates feitos ao longo do FMC, tanto de forma setorizada por região continental, como dos grupos divididos por temas e do próprio Comitê Diretor, composto por 11 organizações e representações do FIDA.
As temáticas que tiveram destaque neste documento foram: juventude rural, gênero e liderança das organizações de mulheres, mudanças climáticas, Década da Agricultura Familiar e os novos instrumentos de reposição de recursos do Fundo. Abaixo o resumo de alguns pontos colocados para eles.
Para a juventude, os participantes do FMC apontaram a importância de investimentos que gerem oportunidades para os jovens rurais e possibilitem a sucessão rural e a continuidade da agricultura. Na questão de gênero, a declaração destaca a grande participação de mulheres nesta edição do Fórum, sendo 40% das delegadas, e aponta a necessidade de se desenhar mais programas prevendo a igualdade de gênero e o empoderamento feminino na produção de alimentos, assim como mais apoio a longo prazo para organizações de mulheres.
O tema das mudanças climáticas foi o que mais gerou recomendações, com uma série de propostas que levem em consideração o potencial da agricultura familiar de mitigar essas mudanças, e possibilitem mais qualificação e organização dos agricultores para que possam produzir alimentos mais saudáveis de maneira mais sustentável. No que tange à Década da Agricultura Familiar, os participantes do Fórum pediram que o FIDA e os governos contribuam na fomentação de políticas públicas que se alinhem com as diretrizes do Plano de Ação Global da Década e ações que permitam as organizações de se fortalecerem politicamente para colaborarem na implementação, seguimento e avaliação dessa agenda.
Novos instrumentos do FIDA
O FIDA apresentou neste Fórum novas ferramentas para uso dos recursos e reposição dos fundos, como o Programa de Adaptação para a Agricultura em Pequena Escala + (ASAP+) e o programa de Participação do Setor Privado na Financiação (PSFP). Nesse sentido, as organizações se colocaram a disposição para colaborarem no desenho desses instrumentos e no acompanhamento de suas aplicações nas comunidades, de forma que os programas realmente cheguem à base e impactem verdadeiramente a vida dos agricultores e agricultoras familiares.
Em breve, a versão final da Declaração será divulgada no site da COPROFAM.
Atuação da COPROFAM no FMC
O secretário Alberto Broch, que também presidente da COPROFAM, traz uma avaliação muito positiva da atuação da delegação da Confederação no Fórum. Organizados em uma delegação que contemplou os sete países representados pela COPROFAM, e com representação atuante de mulheres e jovens, podemos dizer que a tivemos presença muito ativa e efetiva tanto nas atividades oficiais quanto nos eventos paralelos.Grande parte do que propomos sobre como o FIDA deve agir com as organizações e programas junto aos governos, dando mais abertura para que possamos opinar sobre os projetos e prevendo mais investimento nos temas que defendemos, foi acolhido no documento final, e isso nos alegra muito, explica ele.
Além disso, tivemospapel de destaque em momentos como a atividade autogestionada sobre a Década da Agricultura Familiar que organizamos em conjunto com o Fórum Rural Mundial, realizada na manhã do último dia de FMC, e que foi um sucesso de participação, contando com mais propostas a serem incluídas no documento final do Fórum, além das que já haviam sido derivadas dos debates do Fórum, explicou Broch. FONTE: Gabriella Avila - Correspondente de Comunicação de COPROFAM