A violência no campo foi o tema levado pela CONTAG para a 39ª Reunião do Comitê Executivo Latinoamericano da União Internacional de Trabalhadores da Alimentação, Agrícolas, Hotéis, Restaurantes, Tabaco e Afins (UITA), encontro que reuniu representantes de dez países da América Latina em Brasília nestes dias 10 e 11 de julho e do qual participaram o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Alberto Broch, e a secretária de Mulheres da CONTAG, Mazé Morais. Broch chamou a atenção para o aumento dos números de assassinatos e de ameaças a trabalhadores(as) rurais e lideranças sindicais e comunitárias que lutam pelo direito à terra no Brasil. De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra, somente entre janeiro e maio de 2017, 26 pessoas já perderam suas vidas em conflitos agrários, e mais mortes são divulgadas praticamente toda semana nos últimos meses. Durante a reunião, os participantes aprovaram o relançamento da Campanha Mundial contra a Violência no Campo no Brasil e também a realização ainda neste ano do 3º Seminário Latinoamericano sobre Violência, com participação da CONTAG e apoio da UITA. “Num contexto de Golpe contra a democracia, retrocesso de direitos, criminalização dos movimentos sociais e da luta pela reforma agrária, nos anos de 2016 e início de 2017 os números de conflitos no campo aumentaram significativamente no Brasil. Nesse contexto de violência desmedida, subiram os números de ameaças e ataques a trabalhadores e trabalhadoras rurais, resultando em assassinatos com altos requintes de crueldade. Aliados a isso, podemos destacar uma total omissão do governo de evitar os conflitos e até mesmo coibi-los. Pelo contrário, o que se viu foi o ataque deste mesmo governo no sentido de acabar com a luta pela terra, criminalizar os movimentos sociais que a fazem e editar cada vez mais, medidas que impeçam a realização da Reforma Agrária”, afirmou o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG. Conjuntura internacional e Congresso da UITA O tema central da 39ª Reunião do Comitê Executivo Latinoamericano da UITA foi a conjuntura política e econômica da América Latina, onde os participantes analisaram as formas e ações que serão adotadas para o trabalho conjunto entre os países para superar o difícil momento para toda a classe trabalhadora. Também foi objetivo da reunião a preparação para o 27º Congresso da UITA, que será realizado em setembro, em Genebra, Suíça. Pela primeira vez, a América Latina apresentará um candidato à presidência da instituição, o argentino Norberto Latorre. “É de muita importância a realização da reunião do comitê executivo no Brasil, uma demonstração de solidariedade com o momento político e econômico de grandes retrocessos que vivemos em nosso País. A presença a CONTAG também enriquece muito o encontro, pois apresentamos nossas diversas pautas – de gênero e geração, de políticas agrícolas, agrárias e sociais e de projeto de desenvolvimento solidário e sustentável da agricultura familiar e do campo, florestas e águas. Levaremos uma pauta forte e rica para o Congresso da UITA, em setembro”, garantiu Alberto Broch. O secretário geral da Regional Latinoamericana da UITA, Gerardo Iglesias, reforçou que a realização da reunião do comitê em Brasília representa um ato de solidariedade com o movimento sindical e com o povo brasileiro. “A presença de delegados e delgadas de tantos países aqui na capital brasileira é o testemunho de solidariedade porque sabemos que essas reformas e que esse governo ilegítimo são voltados para a classe empresarial, para o agronegócio, para o setor financeiro e para aqueles que já têm tudo. É reflexo de uma cultura escravagista e se isso acontece e aprofunda no Brasil, vai chegar a outros países da América Latina e do mundo. Assim todo o trabalho e luta que a UITA possa fazer aqui é nossa responsabilidade”, conclui Gerardo Iglesias. Para a coordenadora geral da União Internacional dos Trabalhadores na Alimentação(International Union of Food Workers - IUF/UITA), Sue Longley, os relatos de muitos países de toda a América Latina sobre os recorrentes ataques aos direitos dos trabalhadores e sobre a deterioração das condições de trabalho são extremamente preocupantes. “No entanto, acredito que os membros do comitê mostraram solidariedade e determinação por meio das resoluções e planos de trabalho adotados. Eu gostei particularmente da visita ao Senado e a oportunidade de ouvir sobre as estratégias de oposição ao ataque do atual governo aos direitos trabalhistas e à previdência social. Por muitos anos o Brasil liderou o caminho de ajuda às famílias pobres, para tirar as pessoas da pobreza e acabar com o trabalho infantil. O apoio à agricultura familiar foi essencial para combater a pobreza rural e a exploração. Tudo isso está sob ameaça no atual governo. A IUF estará ao lado de seus afiliados no Brasil em sua luta para proteger os direitos trabalhistas e defender os(as) trabalhadores(as). FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG - Lívia Barreto