Organizações de agricultores e agricultoras familiares, camponeses(as) e trabalhadores(as) rurais dos cinco continentes, representantes da União Internacional das Associações de Trabalhadores Alimentícios, Agrícolas, Hoteleiros, Restauradores, Tabaco e Afins (UITA), da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) participaram do Fórum Internacional dos Trabalhadores do Campo, nos dias 5 a 8 de outubro, na Cidade do Cabo, África do Sul.
O Fórum representa uma importante iniciativa da UITA, entidade a qual a CONTAG é filiada, e da Fundação Rosa Luxemburgo, pois a reunião de trabalhadores e trabalhadoras rurais, agricultores e agricultoras familiares gerou um debate global sobre a atual situação laboral do setor e seus desafios de acesso à terra, aos meios de produção e organização produtiva, direitos de associação e organização política-sindical, e direitos sociais como a saúde e a educação do campo. O Fórum ainda proporcionou um espaço internacional de identificação de desafios comuns, intercâmbio de experiências exitosas nos cinco continentes, e definição de estratégias de incidência política em nível nacional e internacional. As visitas a campo mostraram que os trabalhadores e trabalhadoras rurais sul-africanos(as) vivem em condições de trabalho análogo à escravidão, similares às observadas no Brasil.
A CONTAG compartilhou a experiência da organização política do MSTTR, suas estratégias de luta e seu histórico de conquistas para a agricultura familiar brasileira, bem como a sua atuação nas principais plataformas internacionais de diálogo e formulação de políticas públicas, como a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (REAF MERCOSUL), o Foro Campesino (FIDA) e o Comitê Mundial de Segurança Alimentar da ONU (CSA).
A CONTAG realizou também uma análise da situação da terra e seus principais desafios no Brasil, bem como da atual conjuntura política e da ameaça que esta representa ao fortalecimento da agricultura familiar e do desenvolvimento rural sustentável no País. Destacou, ainda, a necessidade de os movimentos de todo o mundo fortalecerem sua organização política através de estratégias de luta e mobilizações de massa, fazendo forte referência ao Grito da Terra Brasil, à Marcha das Margaridas e ao Festival da Juventude Rural, coordenados pela CONTAG em articulação com movimentos do campo parceiros no Brasil.
Devido aos retrocessos em direitos e em políticas públicas observados em diversos países, a CONTAG e a UITA Latino-Americana propuseram à UITA Internacional que fortaleçam seus comitês e criem outros espaços e grupos de trabalho para dar seguimento e monitorar as ações dos governos sobre os temas tratados.
O vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Alberto Broch, explica que, como a UITA tem atuação em todo o mundo e representa várias categorias de trabalhadores(as), tem um segmento específico do campo, que atua pelos interesses dos agricultores e agricultoras familiares e dos assalariados e assalariadas rurais. “E esse é o primeiro Fórum realizado especificamente para o setor rural. Além de discutir os problemas inerentes ao nosso público, à perda de direitos, à organização sindical, à garantia da soberania e segurança alimentar, essa atividade traz como novidade a discussão sobre a Agenda 2030 da ONU, ou seja, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em relação ao campo. Portanto, a CONTAG estar presente em um evento como esse é de grande importância, pois não está representando apenas o nosso País, mas como toda a América Latina, sem contar que teve a oportunidade de compartilhar a sua experiência de organização político-sindical, de luta por políticas públicas e pelo desenvolvimento sustentável a todos os países”, avalia o dirigente da CONTAG. FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi, com informações da Assessoria de Relações Internacionais.