O último Censo Agropecuário foi realizado em 2006. Passaram-se dez anos e, mais uma vez, foi adiada a realização de uma nova edição por falta de recursos. O projeto apresentado para a sua execução foi orçado em R$ 360 milhões, proposto para o Ministério do Planejamento para a inclusão na Lei Orçamentária Anual, foi praticamente extinto. Após sucessivos contingenciamentos, sobrou apenas R$ 10 milhões para este fim, o que torna a sua realização impossível.
Na metodologia prevista para o Censo Agropecuário 2016 estava prevista a investigação de 5,3 milhões de estabelecimentos em todo o País, com coleta em campo em 2017 e divulgação dos resultados em 2018. O objetivo era chegar em todos os estabelecimentos nos segmentos de agricultura, pecuária, avicultura, apicultura, sericicultura, extração vegetal, silvicultura, beneficiamento e transformação de produtos agropecuários e as atividades neles desenvolvidas.
A partir dessa contagem censitária são obtidas informações detalhadas sobre as características do produtor ou produtora e do estabelecimento, bem como sobre a economia e o emprego no meio rural, entre outros aspectos. O Censo também permite disponibilizar para a sociedade e aos diversos ministérios estatísticas fundamentais para o maior conhecimento do setor e para a elaboração e acompanhamento de políticas públicas, aperfeiçoando o processo de melhor alocação de recursos tanto no governo federal quanto em governos estaduais e municipais.
É por meio do Censo Agropecuário que é possível aferir a qualidade dos registros formais, como Cadastro Nacional de Imóveis Rurais (CNIR), Cadastro de Imóveis Rurais (CAFIR), Cadastro Ambiental Rural (CAR), Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF), e outros. Portanto, “é fundamental que esses registros formais estejam em pleno funcionamento a fim de conferir em menor espaço de tempo dados estatísticos que podem nos auxiliar em relação ao desenvolvimento do País”, destacou Secretário de Política Agrícola da CONTAG, David Wylkerson.
Como um governo toma decisões de gestão sem informações? Como saber o que mudou no rural e na agropecuária brasileira? Para a CONTAG, o Censo Agropecuário tem grande importância para o desenvolvimento do Brasil e deve ser entendido como um investimento e não um gasto. “O Censo Agropecuário é a base fundamental para que qualquer governo possa melhorar as ações das políticas públicas. E como o último foi realizado em 2006, em dez anos ocorreram muitas transformações no campo, da agricultura familiar, da agricultura patronal, das relações de trabalho, da maneira de ver o campo, e o Brasil precisa conhecer essa realidade para rever ou fortalecer e inovar no que propõe. Isso é muito importante para os governos e para nós das entidades porque, com esses dados oficiais, repensaremos a forma de apresentar as nossas pautas, de apresentar o crédito e as políticas de desenvolvimento. O Censo nos dá uma real amostragem da situação que vivemos no campo, inclusive com a diversidade regional”, explicou o presidente da CONTAG, Alberto Broch.
O Censo Agropecuário 2006 já conseguiu avançar bastante na qualificação das informações sobre as realidades do rural brasileiro. “No próximo Censo, é preciso aperfeiçoar os mecanismos para se fazer essa escuta e pesquisa, para captar com maior qualidade a diversidade das agriculturas existentes no Brasil, melhorar as informações sobre a estrutura agrária do País, e conhecer melhor a agricultura familiar”, defendeu David. Com o Censo, disse o dirigente, também é possível quantificar a real produção dos agricultores e agricultoras familiares, incluindo a produção para exportação e a área utilizável, as fontes de recursos que financiam o segmento – crédito oficial, crédito próprio ou outras formas de financiamento.
David observa, ainda, que “seria fundamental aproximar a base de dados das Declarações de Aptidão ao Pronaf (DAPs) – a maior base de dados existente sobre a Agricultura Familiar – do Censo Agropecuário, a fim de podermos avaliar ao longo da história quais os fatores que promoveram a evolução do setor”. FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG - Verônica Tozzi