Depois da seqüência de reajustes nos preços do feijão e do leite, chegou a vez agora do consumidor baiano pagar mais caro também pelo óleo de soja. Em menos de 20 dias, o produto já registra uma alta de até 60% em alguns supermercados localizados em Salvador. É o caso, por exemplo, do G.Barbosa, onde a garrafa pet de 900ml do óleo Soya, que em meados de fevereiro custava R$2,49, está sendo vendida hoje por R$3,99 - um incremento da ordem de 60,2%. Já no supermercado Preço Certo, em Ondina, a gerente Andréa Araújo confirma que o mesmo produto, antes encontrado por R$2,65, vem sendo comercializado atualmente por R$4,19, um aumento de 58% frente ao valor praticado há duas semanas.
O mesmo cenário pode ser observado ainda em estabelecimentos como o Extra da Vasco da Gama, onde o item da marca Soya, antes vendido por R$2,95, custa hoje R$3,28. Já o óleo de soja Liza subiu quase 17% em menos de 15 dias, saltando de R$2,82 para R$3,29. Praticamente o mesmo percentual de elevação verificado no Bompreço, também na Vasco da Gama, onde o artigo saiu de R$2,81 para R$3,28. No caso de outras marcas, a tendência de alta também se mantém. Ainda no Bompreço, a garrafa de 900ml do óleo de soja Primor ficou quase 20% mais cara, passando de R$2,74 para R$3,28 em menos de duas semanas. "Desse jeito, vai ficar impossível consumir os produtos da cesta básica, já que meu salário não consegue acompanhar esses índices de reajuste nos alimentos", reclamou a professora aposentada Mariluce Silva.
Matéria-prima - De acordo com o consultor em agronegócios Ivanir Maia, esse reajuste no preço do produto está atrelado ao aumento no custo da matéria-prima, diferença que vem sendo repassada ao consumidor final. "A saca de 60kg de soja está custando, no mercado interno, cerca de R$44. Em março de 2007 ela estava em R$28. Estamos diante de um patamar nunca antes visto", avalia. Segundo Maia, o surgimento de um novo mercado para esse tipo de óleo, a partir da expansão dos biocombustíveis, também tem contribuído para essa disparada nos preços. "Há dois anos, o óleo gerado tinha como destino apenas a panela. Entretanto, ele é usado agora para produzir o biodiesel", explica.
Conforme conta, diante desse quadro de ampliação do mercado de biocombustíveis, até mesmo uma subida no petróleo acaba puxando o preço do óleo para cima. "Estamos falando de um artigo que, embora não tenha tido uma grande ampliação na oferta, passou a ser mais requisitado. Ou seja, é como se de duas latas de óleo de soja encontradas atualmente no supermercado, meia lata passasse a ser direcionada para utilização nos carros", comenta.
Frango também ficará mais caro
A escalada de preços registrada pelo óleo de soja vai atingir outros gêneros alimentícios, a exemplo do frango, em função do reajuste no custo do farelo - produto derivado da soja. "O farelo vem registrando aumentos proporcionais. A questão é que esse item é utilizado na alimentação das aves e, com uma ração mais cara, é provável que essa diferença seja repassada para o consumidor final", analisa.
De acordo com dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a perspectiva é que essa tendência de alta no custo de produtos derivados da soja se mantenha ao longo de 2008 na capital baiana. A explicação é que as estimativas de safras robustas, aliadas ao avanço do preço no segmento internacional e a expansão global dos biocombustíveis, contribua para o crescimento nas exportações do produto, reduzindo assim o interesse pelo mercado interno.
Além do óleo de soja, o feijão continua tirando o sono dos consumidores baianos. De março de 2007 até fevereiro de 2008, o preço do artigo dobrou na capital, registrando uma elevação acumulada de 196,87%.
Conforme nota divulgada ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a safra de grãos 2007/2008 deve ficar em 139,3 milhões de toneladas - volume 5,8% maior que o apurado no último balanço. Entre os grãos que mais contribuíram para esse resultado recorde, estão a soja, com 39 milhões de toneladas, o milho (55,3 milhões) e o arroz (12 milhões). FONTE: Correio da Bahia ? BA