A CONTAG deu início à primeira reunião do ano do Conselho Deliberativo da entidade, com a presença dos conselheiros e conselheiras representantes de todas as Federações filiadas. O presidente da Confederação, Alberto Broch, saudou os membros do Conselho e iniciou os trabalhos regimentais e estatutários, juntamente com a secretária Geral, Dorenice Flor da Cruz, que fez a leitura do Edital de Convocação, a aprovação da pauta do Conselho, e a leitura e aprovação da Ata do Conselho anterior.
“Estamos vivendo um momento delicado para o País e para os trabalhadores e trabalhadoras mais ainda. Dia 31 de março foi aniversário do Golpe. Ditadura nunca mais! Depois de muita dureza para conquistar a democracia, visualizamos a criminalização dos movimentos sociais e da classe trabalhadora. Devemos continuar na luta para não retrocedermos, principalmente nos nossos direitos”, destacou Alberto Broch. O dirigente aproveitou para informar sobre a importância da realização do Fórum Mundial de Acesso a Terra e Recursos Naturais, em Valência, na Espanha. “Foi uma vivência de solidariedade mundial”, ressaltou.
Mais especificamente sobre a pauta do Conselho Deliberativo, Broch destaca a agenda intensa e os temas a serem tratados, que são fundamentais para o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR). “Convoco a todos e todas a fazerem um bom debate, de forma democrática e com responsabilidade.”
ANÁLISE DE CONJUNTURA Em seguida à abertura política, foi realizada uma análise de conjuntura sobre o cenário político e econômico no Brasil e sobre as iniciativas da Frente Brasil Popular, com a participação do presidente da CTB, Adilson Araújo, e da vice-presidente da CUT, Carmen Foro, e com a coordenação do presidente da CONTAG, Alberto Broch, e da secretária de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, Mazé Morais.
Adilson Araújo destacou o momento vivido no País e a crise política e econômica. “Essa crise não é brasileira, mas vem acompanhada de crise política. Vivemos em um país atrasado (do ponto de vista histórico) e essa democracia que vivemos hoje é o centro do debate. O fator democracia é determinante para os próximos anos. Porque o Brasil vive essa situação? Essa é a mais longa crise capitalista do mundo, tendo como consequência a ascensão do fascismo e do estado islâmico, guerras civis, tentativa de impor uma agenda que derrotamos ainda na década de 1990, que trabalhava privatizações, arrocho salarial, aniquilação dos direitos sociais e trabalhistas, dentre outros.”
O presidente da CTB ressaltou que os patrões defendem a reforma da Previdência, extinção da CLT e modernização das relações de trabalho. “Isso nada mais é do que escravidão moderna. Tem que romper com essa lógica liberal. O Plano Temer com certeza vai ser uma edição do que rompemos há alguns anos. A burguesia tem os seus interesses e nós temos que ter os nossos.” Por outro lado, o dirigente disse que o grande pecado dos últimos 13 anos foi não ter feito uma reforma política democrática. “A mídia golpista está fazendo campanha pesada pela demonização da política. E a luta social é conduzir a luta social junto com a luta política. É importante ter um movimento sindical forte, mas também é ter uma presença institucional política. Isso também está no centro da luta de classe”, acrescentou.
Carmen Foro complementou o que o presidente da CTB afirmou de que, além de não ter avançado na reforma política, os Governos Lula e Dilma também não avançaram na democratização dos meios de comunicação e na reforma tributária. “Avaliamos criticamente alguns medidas pelo Governo Dilma, como não ter avançado na reforma agrária, a falta de recursos e a apresentação de projetos de lei que retiram direitos. Mas, por outro lado, temos a capacidade de saber o que está em jogo no nosso País que é a democracia, a pauta colocada pela direita e conservadores. Dessa forma, não será possível de recolocar a nossa pauta.”
Apesar da luta contra o impeachment da presidenta Dilma, Carmen Foro reforçou que o movimento sindical não deixará de negociar com o governo a pauta da classe trabalhadora. “Assim que vencermos, no dia seguinte a nossa pauta estará na mesa da presidenta Dilma para avançarmos no que for importante para o nosso movimento sindical e para os trabalhadores e trabalhadoras. Temos problemas graves hoje, mas não está no mesmo patamar de tempos atrás.” A vice-presidente da CUT também criticou o machismo e preconceito com o fato de a presidente da República ser mulher. Carmen destacou, ainda, a força dos trabalhadores e trabalhadoras nas ruas. “As ruas não vão resolver, mas se não estivermos nas ruas perderemos essa batalha. O segredo é a unidade da classe trabalhadora, sem a unidade não seremos vencedores”, encerrou as exposições.
Os conselheiros e conselheiras protagonizaram um importante debate sobre o cenário político e econômico e reforçaram os casos de perseguição e preconceito que estão acontecendo nos estados e em Brasília e reafirmaram a luta dos trabalhadores e trabalhadoras em defesa da democracia, contra a corrupção e pela retomada do desenvolvimento e crescimento econômico.
A reunião do Conselho Deliberativo da CONTAG segue até a próxima sexta-feira (8), e pretende tratar de temas importantes para a categoria, como o 22º Grito da Terra Brasil, Marcha pela Reforma Agrária, mobilizações contra a reforma da Previdência Social, entre outros.
FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG - Verônica Tozzi