Os interesses da agricultura familiar, destacadamente nos países da América Latina, estão sendo defendidos pela Contag durante a 37ª Reunião do Conselho Internacional de Segurança Alimentar, que acontece essa semana (17 a 22 de outubro), em Roma, cujo tema principal é a alta de preço dos alimentos. A sessão contou com mesas redondas sobre a Segurança Alimentar Através dos Investimentos Agrícolas Orientados para a Agricultura Familiar; Gênero, Segurança Alimentar e Nutricional e a Volatilidade do Preço dos Alimentos. “É fundamental identificarmos as causas dessa volatilidade, tendo em vista que estamos vendo em vários países trabalhadores cada vez mais em maior situação de insegurança alimentar. E sabemos que os impactos da crise econômica mundial são, principalmente, a perda de direitos sociais e o aumento do desemprego e, consequentemente, a insegurança alimentar”, analisa Alessandra Lunas (Vice- Presidente da Contag e Secretária de Relações Internacionais), que participa das discussões sobre as diretrizes voluntárias para a governabilidade sustentável do planeta e de seus recursos naturais, além das iniciativas mundiais e regionais e seus respectivos vínculos com o comitê internacional, na condição de membro efetivo do conselho, por meio do mecanismo da sociedade civil (Setor dos Trabalhadores) representando a UITA (União Internacional dos Trabalhadores na Alimentação), entidade à qual a Contag é filiada. Ainda segundo Alessandra, O CSA tem a grande responsabilidade de provocar a discussão entre os governos sobre estratégias a serem adotadas frente a esse grande desafio mundial.
Entre os diversos eventos paralelos, a Contag / COPROFAM foi convidada a fazer parte como debatedora no evento da iniciativa internacional para criação do Observatório Mundial de Agricultura, que visa estabelecer uma rede local em cada país, que possa documentar de maneira mais precisa a diversidade de sistemas de produção agrícola, suas transformações estruturais, capacidades de adaptações aos desafios atuais e que contribua com o desenvolvimento sustentável. Esta ação está sendo articulada entre FAO, CIRAD (Centro de Cooperação Agronômica para o Desenvolvimento), em parceria com o governo francês e o FIDA (Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola). Como contribuição, Alessandra Lunas defendeu a necessidade de que o observatório priorize investigações que possam demonstrar as transformações que vêm ocorrendo no campo, onde a cada dia a produção em grande escala está ocupando o espaço da agricultura familiar, um mecanismo que na maioria das vezes expulsa os agricultores de suas terras. Como exemplo, ela cita os impactos dos “Pools de Siembra”, empresas que arrendam terras na Argentina e também os diversos tipos de contratos de arrendamentos atualmente encontrados no Brasil. Ela alerta ainda para a necessidade de se obter dados concretos sobre o funcionamento (impactos e desafios) do processo de integrados, que produzem vinculados a grandes empresas de capital internacional, além da necessidade de registrar a quantas andam as condições dos trabalhadores assalariados neste grande mecanismo de produção. Durante as mesas redondas destacou-se o debate sobre como assegurar a segurança alimentar através dos investimentos agrícolas orientados para a agricultura familiar, onde a sociedade civil demanda fortemente por políticas públicas diferenciadas e a premência de se proteger a agricultura familiar face às iniciativas de grandes empresas, que ocupam terras de maneira questionável. Por fim, a necessidade da criação de cadeias de valor que possibilitem o acesso aos mercados, fortalecendo principalmente os mercados locais. A reunião da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) também trata da execução de reformas no comitê e do estabelecimento de um Marco Estratégico Mundial. A comunidade internacional está revendo os métodos até hoje adotados para se quantificar as pessoas que padecem de fome no mundo. FONTE: Assessoria da Secretaria de Relações Internacionais da Contag.