Os temas trabalhados no 11º Congresso Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (CNTTR) prometem gerar grandes debates e aprofundamentos para que o movimento sindical do campo avance em questões ligadas à democracia e à igualdade. Entre esses pontos, está a questão da paridade de gênero na Confederação, o que significa igualdade na representação política entre homens e mulheres. Para as lideranças que defendem a proposta, a paridade é mais do que um recurso numérico para repartir os cargos de direção, significa construir no cotidiano sindical relações respeitosas fundadas em valores éticos e morais, isto é, relações verdadeiramente democráticas e solidárias. Para a secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais da CONTAG, Carmen Foro, a trajetória percorrida pelas mulheres nesses 50 anos da Confederação faz com que esse debate seja tratado como algo extremamente estratégico neste momento. “Temos 15 anos de cota mínima de 30% de mulheres nos cargos de direção, o que já foi um passo muito importante para democratizar as relações de poder no movimento sindical. Essa iniciativa fez mudar o perfil do MSTTR, que ampliou sua plataforma de lutas, introduzindo novas ações e novos temas em sua agenda política, como também novos desafios. Então, construímos maturidade para falar de paridade”, destaca. Ela diz que aprovar a paridade dentro da CONTAG significa reconhecer a importância social, econômica e política das mulheres trabalhadoras rurais da base do movimento sindical e, a partir de um princípio de justiça social, assumir que as mulheres têm o direito de ser representadas em condições de igualdade nos cargos de direção. “Não estamos falando de quantidade, estamos falando de enfrentamento do machismo que ainda existe, de aumento da consciência das mulheres sobre o seu papel no MSTTR”, complementa. Carmen avalia que a aprovação da paridade durante o Congresso é importante porque a CONTAG tem um papel estratégico e político de impulsionar uma visão mais avançada no conjunto do MSTTR. “Isso contribuirá, com certeza, para que as Federações e Sindicatos possam avançar também nesse tema”, declara. Atual vice-presidenta da CONTAG e candidata pela chapa única à Secretaria de Mulheres na próxima gestão, Alessandra Lunas, pontua: “se para este Congresso, que temos apenas a cota mínima de 30% de mulheres para cumprir e já temos 45% de participação de mulheres confirmada, imagine quando tivermos a paridade?” Ela diz que este é um momento forte, pois esse é um debate histórico dentro do MSTTR. Alessandra lembra que a Confederação é referência para o mundo na luta, organização e mobilização das mulheres, a exemplo da Marcha das Margaridas. “Então, se as mulheres conseguem fazer tudo isso, por que não conseguimos dar essa visibilidade, essa possibilidade de igualdade dentro do movimento sindical? Por isso, o debate da paridade traz para nós, neste momento, essa reflexão”. Se houver a aprovação da paridade, ela será aplicada, inicialmente, na composição da direção da CONTAG (diretoria efetiva, diretoria executiva e conselho fiscal) a partir da gestão 2017-2021, a ser eleita no 12º CNTTR. No mandato que se inicia este ano, a paridade de gênero deverá ser adotada nas instâncias de deliberação – Conselho Deliberativo, Plenária Nacional e Congresso Nacional. Até a realização do 12º CNTTR, o MSTTR deverá assumir o compromisso de aprofundar internamente o debate da paridade com vistas à sua adoção pelas Federações e Sindicatos e em todas as instâncias deliberativas do MSTTR. FONTE: Imprensa CONTAG - Ana Célia Floriano