O deputado Iran Barbosa pediu, nesta sexta-feira (11/4), ao secretário de Estado de Segurança Pública Kércio Silva Pinto que tome medidas urgentes para proteger os moradores da Comunidade Resina, em Brejo Grande, ameaçados por cinco pistoleiros. Iran também solicitou providencias ao Ministério Público Federal, ao ouvidor agrário do Incra em Sergipe, Júlio César Trajano, e ao delegado de Brejo Grande, Tiago Lustosa.
As denúncias de que os moradores estavam sendo ameaçados foram feitas ao mandato do deputado pela própria comunidade. Segundo Iran, o secretário de Segurança Pública afirmou que iria tomar medidas enérgicas para garantir a segurança dos posseiros.
O MPF, segundo Iran, tem acompanhado o conflito fundiário. Na quinta-feira (10/4), representantes do MPF e do Incra Sergipe estiveram na comunidade de Resina, colheram uma série de depoimentos dos moradores e registraram com fotos e filmagens toda a área de conflito. Um relato detalhado foi encaminhado ao procurador Bruno Calabrich, que acompanha pessoalmente o caso.
ConflitosOs conflitos na área se intensificaram após a compra recente pela Construtora Norcon de uma imensa faixa de terra na região, às margens do Rio São Francisco. A empresa planeja a construção de um hotel de grande porte na área. Para tanto, usa de métodos arbitrários, truculentos e ilegais com o único objetivo de expulsar as populações.
Para piorar a situação, na última semana, a Norcon construiu uma cerca que isolou os moradores da comunidade Resina, mesmo sabendo que os posseiros e pescadores já adquiriram a propriedade da terra pelo decurso do tempo, ou seja, através do instituto de transmissão denominado usucapião.
No último domingo, 6, os moradores decidiram tirar a cerca por entender que o território lhes pertence. "Aquelas famílias moram lá há mais de 60 anos, mas os fazendeiros que tinham a propriedade das terras negociaram sem falar com os moradores", explica o Padre Isaías Carlos Nascimento Filho, da paróquia de Resina.
CapangasUm dos moradores, que não quis se identificar, declarou ao Portal Infonet que a pessoa que 'comprou' as terras enviou cinco capangas e um 'pistoleiro' conhecido por 'Celestino' para consertar a cerca que limita os terrenos. "Ele chegou aqui hoje pela manhã e disse: quero ver quem é que vai arrancar agora", relatou o morador. "Eu não quero morrer lutando pelo que é meu", afirmou o posseiro, pedindo que alguma providência fosse tomada.
Segundo o relato, os cinco capangas estão armados e escondidos no mato em dois carros para assegurar que ninguém remova a cerca que está sendo reconstruída.
Os moradores dizem que se quiserem atirar em alguém vão ter que atirar em todos, pois o terreno pertence a todas as famílias. O morador supõe que a situação ficará pior à noite pois não há energia no povoado, e não há segurança policial.
O povoado Resina fica à beira do Rio São Francisco, e as 57 famílias que residem lá vivem da atividade pesqueira. Os posseiros dizem que há dois anos e meio lutam para ter a propriedade legal das terras na Justiça.
FONTE: Informe Sergipe - 12/04/08