São 15 réus acusados da morte de um trabalhador e causar ferimentos em outros 13 durante conflito em 1998
ANGELA LACERDA - Agencia Estado
RECIFE - Com a previsão de terminar na sexta-feira, começou nesta terça-feira, 25, o maior julgamento da história de Pernambuco, presidido pela juíza substituta da 1ª Vara do Júri, Marylúsia Feitosa, no Fórum Joana Bezerra, em Recife. São 15 réus acusados da morte de um trabalhador rural e causar ferimentos em outros 13 durante um conflito em novembro de 1998 no engenho Terra Rica, pertencente à Usina Santa Tereza, de propriedade do Grupo João Santos, no município de Goiana, na zona da mata norte pernambucana.
"Está em julgamento a relação arcaica do setor patronal da economia, neste caso o grupo João Santos, com os trabalhadores que se manifestam", afirmou o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), Aristides Santos. O mais grave, segundo ele, é a postura do Estado, que pela Polícia Militar (PM) se coloca a serviço do usineiro.
Estão sendo julgados um capitão e quatro soldados da PM, o administrador da usina, o responsável pela segurança e oito vigilantes da propriedade. A Fetape espera a condenação máxima para todos os envolvidos. Se condenados, os réus poderão pegar, cada um, a pena máxima estabelecida pela Constituição, de 30 anos de prisão.
Em novembro de 1998 os trabalhadores da cana-de-açúcar deflagraram uma greve sob a coordenação dos sindicatos rurais municipais, ligados à Fetape. No engenho Terra Rica, os trabalhos não pararam e um grupo de grevistas e sindicalistas se dirigiu ao local para convencer os canavieiros a suspenderem as atividades. No caminho, eles foram surpreendidos por um bloqueio de PMs e vigilantes. Houve disparos e Luiz Carlos da Silva, de 27 anos e delegado da base sindical de Goiana, morreu com um tiro na nuca. Outros 13 foram feridos. FONTE: Estadão Online ? SP