Dez índios da etnia tembé e dois funcionários da prefeitura de Santa Luzia mantidos reféns por dois mil colonos desde domingo à noite na aldeia Itahu, na região do Alto Rio Guamá, a 350 quilômetros a nordeste da capital paraense, foram libertados no começo da tarde desta terça-feira (19). Os colonos invadiram a terra indígena há mais de dez anos e se recusam a deixar a área. Depois de liberar os reféns, eles saíram da aldeia, levando o filho de um cacique e um auxiliar de enfermagem da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) no município de Capitão Poço.
A polícia informou que os dois seqüestrados estariam em uma localidade conhecida por Pau de Remo, em Santa Luzia. Os colonos afirmam que só libertarão a dupla quando receberem do governo federal a garantia de que não serão expulsos das terras. Os índios tembé estão revoltados com os colonos e se armando para retirá-los à bala da reserva. O conflito dentro da reserva se arrasta há mais de vinte anos.
Além de colonos, a área está ocupada por madeireiras que já derrubaram 80% da floresta, fazendeiros e empresas mineradoras. A reserva, criada em 1945 e homologada em 1993, passa por um processo de desocupação. Um acordo entre governo federal, Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e Funai (Fundação Nacional do Índio) estipulou prazos para que a área fosse totalmente desocupada.
A invasão da aldeia Itahu pelos colonos foi uma forma de impedir que a prefeitura de Santa Luzia prossiga as obras de abertura de estradas que ligariam todas as aldeias dos tembé na região, facilitando a fiscalização contra a retirada ilegal de madeira.
Fonte: Diário do Grande ABC FONTE: JC Online ? PE